O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, retornou ao trabalho presencial nesta quarta-feira (11) após enfrentar a covid-19, mas disse ainda sentir efeitos da doença.
— Não estou completamente recuperado, é claro. É uma doença complicada. É difícil você voltar ao normal, mas a gente já consegue trabalhar um pouquinho. É o primeiro dia de atividade no trabalho — disse Pazuello em cerimônia no ministério.
A última aparição pública de Pazuello ocorreu 20 dias antes, quando participou de uma transmissão nas redes sociais ao lado do presidente Jair Bolsonaro. Já sob cuidados em razão da covid-19, o ministro disse que estava "zero bala". O presidente afirmou que Pazuello era "mais um caso concreto" de que o uso da hidroxicloroquina "deu certo", apesar de a droga não ter eficácia comprovada contra o coronavírus.
Na mesma transmissão, Pazuello minimizou ter sido desautorizado por Bolsonaro sobre a compra da CoronaVac, vacina que é desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o governo de São Paulo.
— Senhores, é simples assim. Um manda e outro obedece — disse o ministro. No dia anterior Pazuello havia dito que compraria 46 milhões de doses do imunizante.
Apesar de ter sinalizado que estava recuperado da doença, Pazuello foi internado em 30 de outubro, no DF Star, um dos mais conceituados hospitais de Brasília, com quadro de desidratação. No dia 1º de novembro, passou a tratar-se no Hospital das Forças Armadas. Ele recebeu alta no dia 3 e, na data seguinte, o ministério informou que o vírus não estava mais ativo no organismo do ministro.
"País de maricas"
O presidente Bolsonaro tem minimizado os efeitos da covid-19. Ele disse nesta terça-feira, 10, que o Brasil "tem que deixar de ser um país de maricas" e enfrentar a doença.
— Tudo agora é pandemia, tem que acabar com esse negócio, pô. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer. Não adianta fugir disso, fugir da realidade — afirmou ele em cerimônia no Palácio do Planalto.
Novembro Azul
Pazuello participou nesta quarta-feira (11) de evento sobre o "Novembro Azul", campanha que estimula os homens a cuidarem da própria saúde.
— Sim, o homem é diferente. Graças a Deus. A gente demora para buscar o médico. Demora para realmente ceder a isso. E muita gente acaba agravando a doença por essa característica masculina. É a nossa característica, vamos morrer com ela, mas temos de trabalhá-la — disse o ministro.
O ministério informou que irá liberar mais de R$ 20 milhões para custear ações de cuidado à saúde masculina e prevenção do câncer de pênis. Os recursos serão destinados para Estados com taxa de mortalidade de câncer de pênis acima de 0,60 por 100 mil homens no período de 2014 a 2018. São eles: Piauí, Maranhão, Tocantins, Pará e Sergipe.
— Além disso, 370 municípios com população de até 100.000 habitantes com média de registro de, ao menos, um diagnóstico de câncer de pênis, também receberão o incentivo — disse o ministério em nota.