O programa Timeline, da Rádio Gaúcha, entrevistou na manhã desta terça-feira (11) o editor-chefe do Projeto Comprova, Sérgio Lüdtke. Durante a conversa, os apresentadores Luciano Potter e David Coimbra conversaram com o jornalista sobre o funcionamento da iniciativa, que reúne repórteres de 28 diferentes veículos de comunicação brasileiros. GaúchaZH é uma das mídias integrantes da iniciativa cuja missão é investigar informações enganosas, inventadas e deliberadamente falsas sobre políticas públicas compartilhadas nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
Uma das primeiras questões do bate-papo foi sobre como é feita a escolha do caso que deve ser investigado. Lüdtke explicou que as matérias produzidas pela coalizão de jornais, TVs e rádios sempre busca detalhar as razões pelas quais um tema foi pinçado em meio a tanto conteúdo.
— Temos um escopo muito específico: fazemos verificação de conteúdos suspeitos que trafegam nas redes sociais sobre políticas públicas, sobre pandemia e que têm grande viralização. Isso nos permite ter um pouco mais de transparência, que é a palavra-chave para fazer o trabalho de verificação. É uma escolha baseada em dados. Não é uma decisão política ou que passa somente pelo crivo do editor — pontua Lüdtke.
O gestor do Comprova também abordou as ferramentas usadas na análise (softwares) e como funciona a produção de notícias falsas, que hoje ganha escala quase industrial.
— É uma coisa bem complexa. O que é mais claro, que talvez explique, são sites que se fazem passar por páginas de notícias, que têm nome de site de notícias, que têm uma narrativa noticiosa, que parece notícia. Esses sites publicam conteúdos, muitas vezes, enviesados, que dão uma interpretação diferente para os fatos ou mentem mesmo. São informações que não são baseadas em evidências — ressalta Lüdtke.
Tópicos como a disseminação desses conteúdos inverídicos e o papel de gigantes da comunicação, como Google e Facebook, e boatos de WhatsApp também foram debatidos. Lüdtke ainda falou sobre processos que o Comprova deve implementar para eleições municipais:
— A gente vai trabalhar com os fenômenos das eleições. Questões de urnas eletrônicas, pesquisas. Informação local vai ser difícil fazermos verificação. O que vamos fazer são duas frentes. Uma vai ser um curso gratuito, no segundo semestre, para jornalistas que farão cobertura local. E vamos oferecer mentoria, também de graça, com profissionais que já passaram pelo Comprova.
Entre os materiais que contaram com a participação de GaúchaZH na verificação, estão informações que circularam durante as Eleições 2018, desmatamento da Amazônia e, mais recentemente, ligadas à pandemia de covid-19 — como tuítes do deputado gaúcho Osmar Terra apontando que a doença estava perdendo força no Rio Grande do Sul e movimentos contra o uso de máscaras.
Ouça a entrevista na íntegra abaixo.