A demissão de Abraham Weintraub do Ministério da Educação (MEC), anunciada nesta quinta-feira (18), foi comemorada entre deputados e senadores da oposição. Alguns parlamentares bolsonaristas saíram em defesa do agora ex-ministro.
Desafeto de Weintraub, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ironizou a saída do ministro e disse esperar que o MEC melhore.
— Estava muito ruim o Ministério da Educação — afirmou.
Maia alfinetou também o ex-ministro e ironizou o suposto convite que Weintraub teria recebido para atuar no Banco Mundial:
— É porque não sabem que ele trabalhou no banco Votorantim, que quebrou em 2009, ele era um dos economistas do banco.
— Esperamos que a gente possa ter no Ministério da Educação alguém de fato comprometido com a educação e com o futuro das nossas crianças — completou.
Após 14 meses e 10 dias em que acumulou polêmicas e pouco realizou no Ministério da Educação, Weintraub cai em decorrência de um longo desgaste político com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), agravado com o episódio do último domingo (14) em que compareceu a um protesto em Brasília de apoiadores do governo.
No encontro com manifestantes, sem citar ministros do STF, Weintraub voltou a usar a palavra "vagabundos", em uma referência a afirmação dele na reunião ministerial de 22 de abril, em que disse: "Eu, por mim, colocava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF".
O deputado João Campos (PSB-PE), coordenador de uma comissão externa de acompanhamento dos trabalhos do MEC, enxergou a saída como uma medida positiva.
A deputada Tabata Amaral (PDT-SP) disse que a saída de Weintraub é uma "morte anunciada".
— A saída do pior ministro da educação da história é um alívio para milhões de jovens brasileiros — disse.
A decisão foi a mais acertada, apesar de tardia, segundo o deputado Sílvio Costa Filho (Republicanos-PE).
— A demissão do ministro Abraham Weintraub foi uma decisão tardia, mas acertada. Infelizmente, enquanto esteve à frente da Educação, ele não apresentou nenhuma pauta educacional e pedagógica para o país. O que se viu foram crises permanentes com todos os setores da educação do Brasil — disse.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) defendeu que, mesmo com sua saída, Weintraub pague por possíveis crimes cometidos.
"Já vai tarde! Há tempos o Ministério da Educação, assim como o Brasil, está sem comando. É uma vitória da Educação! Mas vale lembrar: não é porque caiu que não vai deixar de pagar por eventuais crimes, viu? Isso vale para Bolsonaro e para Weintraub! O Brasil merece mais!", postou.
No campo bolsonarista, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) saiu em defesa do ex-ministro.
—Que Deus abençoe a você e a sua linda família! E muita sorte à frente da sua nova missão — disse.
O tom foi compartilhado por Carla Zambelli (PSL-SP).
— É com o coração partido, mas com todo o carinho que temos por você, que nós dizemos até logo. Desejamos o melhor para a sua vida e de sua família — disse a deputada, desejando sucesso ao ministro no novo cargo no Banco Mundial.
Portaria
Sobre a revogação da portaria que estipulava reserva de vagas a negros, indígenas e pessoas com deficiência em programas de pós-graduação de instituições federais de ensino superior, Maia afirmou que pretende conversar com o próximo titular do MEC para tentar reverter a medida. Disse que vai fazer isso na base do diálogo, "sem necessidade de votação de um projeto de decreto legislativo."
— O ideal é que a gente consiga mostrar ao governo que essa última decisão do ministro, já sabendo que ia sair, talvez tenha baixa legitimidade num tema tão importante e que vai gerar tanta polêmica e tanto desgaste para o governo em todo o Brasil — disse.