O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), delegou aos prefeitos do Estado a decisão sobre a proibição mais rígida de circulação de pessoas — o chamado de "lockdown" — para desacelerar a contaminação provocada pelo coronavírus. Ele prorrogou até 31 de maio as medidas de distanciamento social, como proibição de funcionamento de estabelecimentos de atividades não-essenciais, incluindo agora a proibição de obras não emergenciais em imóveis residenciais.
Witzel não determinou o "lockdown" sugerido por entidades como a Fiocruz e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) também vêm cobrando maior rigor no controle de circulação de pessoas por parte do Estado. Em ofício ao MP-RJ, o governador disse que o Estado elabora um plano para a medida, mas não a adotou de forma generalizada neste momento.
— O decreto recomenda que prefeitos do Estado realizem em seus municípios alguma forma de "lockdown", como medida de isolamento social, com o objetivo de evitar a proliferação da doença. As forças de segurança pública do Estado auxiliarão as ações das prefeituras — afirmou o governo do Estado sobre o texto que será publicado na segunda-feira (11) no Diário Oficial.
Algumas prefeituras já aumentaram a rigidez no controle de circulação de pessoas. No município do Rio de Janeiro, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) determinou o fechamento de calçadões na zona oeste para impedir aglomerações. Em Niterói, foi estabelecida multa para quem saiR sem necessidade básica.
As medidas mais restritivas já foram implantadas pelo governo do Pará em nove cidades, no Maranhão por determinação judicial e na cidade de Fortaleza, no Ceará.
O sistema de saúde do Rio de Janeiro está perto de sua lotação máxima. Além disso, o Estado vem enfrentando dificuldade em obter os respiradores necessários para os pacientes em estado grave com covid-19. Dos mil contratados, apenas 52 foram entregues.
A prisão de empresários que atuavam na importação dos equipamentos também vai impedir que outros 166 ventiladores pulmonares previstos para esse mês cheguem aos hospitais. A secretaria cancelou os contratos com os fornecedores, investigados por fraudes à concorrência pública.
Há no Estado 15.740 casos de covid-19 confirmados, com 1.503 mortes, segundo a Secretaria de Saúde.
Neste sábado (9), o governo inaugurou parcialmente o primeiro hospital de campanha, montado no entorno do estádio do Maracanã. Estão disponíveis, segundo o governo, 170 leitos, sendo 50 de UTI. A unidade terá 400 leitos quando finalizada. Mesmo com a ampliação, Witzel afirma que não é possível relaxar as restrições ao comércio, impostas em 18 de março.
"Apesar de os hospitais de campanha ficarem prontos este mês, seguimos preocupados com a circulação de pessoas. O isolamento social é uma ação fundamental adotada em todo o mundo", escreveu Witzel em sua conta no Twitter.
O hospital de campanha foi inaugurado com um susto. Um princípio de incêndio provocado por um curto circuito ocorreu logo pela manhã.
"A estrutura e equipamentos da unidade não foram danificados e o hospital está pronto para receber pacientes encaminhados pelo sistema de regulação", afirmou a nota da secretaria.