O governo do Rio de Janeiro está estudando critérios para definir quais pacientes com covid-19 terão direito a uma vaga em UTI durante a pandemia. O secretário estadual da Saúde, Edmar Santos, admitiu na quinta-feira (30) que, devido ao número crescente de casos da doença, não haverá respiradores suficientes para todas as pessoas em estado grave. As informações são do jornal O Globo.
Segundo o protocolo técnico que está em análise, a condição do paciente será avaliada e classificada com uma pontuação vai de zero (boa) a 24 (ruim). Quanto menor a nota, mais chances a pessoa terá de conseguir um leito. O documento já foi assinado pela subsecretária de Regulação e Unidades Próprias do Rio, Renata Carnevale de Miranda, e aguarda a aprovação do secretário para então ser publicado no Diário Oficial.
O primeiro elemento analisado será o funcionamento de seis órgãos — como pulmões, rins e coração. Depois, será avaliado se o paciente tem ou não doenças preexistentes. Nesse caso, a pontuação será contabilizada da seguinte forma:
- Quatro pontos para quem tiver algum comprometimento que pode ser fatal em até um ano, independente da covid-19;
- Dois pontos para quem tiver alguma comorbidade que permita sobrevida maior do que um ano;
- Zero ponto para quem não tiver nenhum mal.
Além disso, o material prevê critérios de desempate, para casos de pessoas com pontuações idênticas. O primeiro dele é se o paciente está em ventilação mecânica, já ligado a um respirador, e o segundo é a idade. Aquele que tiver até 60 anos ganhará um leito antes dos que têm entre 61 e 80 anos. Pacientes acima dos 80 anos ficarão por último na disputa pela vaga.
Segundo a proposta, os profissionais que atuarem diretamente no combate à pandemia de coronavírus terão prioridade, caso precisem de tratamento intensivo. Por último, será avaliada a ordem de solicitação do leito.
Para Luis Maurino Abreu, ex-chefe de cardiologia do Hospital dos Servidores, a medida poderá deixar muitas pessoas desassistidas. Ele acredita que a solução seria criar mais leitos de UTI.
— Com o escore, sempre teremos pacientes com potencial de recuperação que não serão contemplados. Se a situação se agravar, só terão acesso à UTI pacientes dentro de uma pontuação mais favorável — disse ao Globo.
De acordo com o documento, que foi desenvolvido em conjunto entidades como o Conselho Regional de Medicina do Rio e a Academia Nacional de Cuidados Paliativos, a escolha terá que ser feita porque haverá “uma inevitável sobrecarga dos equipamentos de saúde quando alcançado o período de ápice de infecção, havendo a imediata necessidade de se promover soluções que evitem o colapso da rede estadual”.
O texto, segundo a publicação, diz ainda que o grupo de trabalho levou em consideração os “Princípios de Triagem em Situações de Catástrofes” da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, a resolução do Conselho Federal de Medicina que estabelece os critérios de admissão e alta em unidades de terapia intensiva, e um protocolo publicado no “Journal of the American Medical Association’’.