Se a agitação aumenta a cada dia nas ruas da Região Metropolitana, em uma área de 160 hectares de Sapucaia do Sul, o silêncio ainda predomina — com a exceção de uns rugidos imponentes. Há dois meses e uma semana, os 900 habitantes do zoológico vivem uma paz incomum, longe dos flashes e da algazarra do público.
Caroline Weissheimer Costa Gomes, gestora do parque, ressalta que não houve cortes de gastos neste período, nem problemas com fornecimento de insumos — os tigres Dan e Baruk seguem comendo oito quilos de carne diários, por exemplo.
Mas algumas medidas para evitar um possível contágio dos animais por coronavírus foram tomadas. Em um zoológico de Nova York, tigres e leões foram diagnosticados com a doença mês passado.
— Especialmente nos primatas, a gente tentou reduzir o contato do tratador com as espécies — explica Caroline, que também é veterinária.
Os tratadores desinfetam os sapatos e usam máscaras ao entrar no ambiente dos animais, além de higienizar os equipamentos, antes e depois do manuseio. Segundo a equipe, não houve grande mudança no comportamento dos bichos com o zoo fechado. Quem sentiu mais, para o bem e para o mal, foram os funcionários mesmo.
— Tá uma calmaria, não tem aquela gritaria de colégio — ri o tratador Leonel Oneide Garzão, 58 anos, que trabalha há 26 anos no zoológico.
Autorizada com o novo decreto estadual, a reabertura está sendo planejada para o mês de junho, sem data definida ainda. A gestora Caroline também não acredita que os animais ficarão estressados com a retomada da atividade. Afirma que apenas nos dias mais movimentados, como o Dia das Crianças, se percebe uma agitação deles.
Já com a reabertura, o acesso será limitado. O número de visitantes permitidos ainda não foi definido, mas provavelmente será restrito a 50% da capacidade do parque.
— Os animais não se desacostumaram com a presença das pessoas, porque seguem em contato com os tratadores. Mas caso tenha alguma alteração, a gente está preparado, podemos fazer alguma mudança em recinto ou outra alternativa.
Para reabrir, o Zoológico ainda precisa adquirir e instalar pelo parque álcool gel para os clientes. Não será permitida a entrada de pessoas sem máscaras, e a ala das cobras, por se tratar de edificação fechada, não deve ser liberada.
Não há data para novo edital de concessão
O governo estadual não desistiu da ideia de conceder o Zoológico de Sapucaia do Sul à iniciativa privada, mas avalia que, em razão da pandemia, não é hora de lançar um edital como esse. No ano passado, em outubro, a primeira tentativa já não teve interessados.
O secretário extraordinário de Parcerias do Rio Grande do Sul, Bruno Vanuzzi, afirma que foi feita uma avaliação interna dos motivos para a licitação acabar deserta e concluiu-se que não ficaram claros os investimentos que podem ser feitos. O secretário pediu à prefeitura de Sapucaia do Sul uma certidão de viabilidade de atividades complementares para, no próximo edital, enumerar o que poderá ser feito no local (como parque de diversões, centro de eventos, comércio, hotéis, entre outros).