A pandemia de coronavírus tem causado muitas dúvidas na população em relação ao contágio entre humanos e animais. Recentemente, um tigre no zoológico do Bronx, na cidade de Nova York (EUA), testou positivo para o vírus que causa a covid-19, e seis outros grandes felinos apresentaram sintomas compatíveis com a doença, conforme divulgado pelo Ministério da Agricultura dos Estados Unidos na tarde do último domingo (5).
Por isso, muitas pessoas têm se perguntado se seus bichos de estimação podem se contaminar também. No entanto, os donos de animais domésticos podem ficar despreocupados, conforme cientistas que estudam essa relação. O documento da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) revela que o potencial de transmissão entre espécies diferentes ainda é desconhecido. Isso significa que os estudos não são suficientes para comprovar se a doença realmente foi transmitida por um humano aos animais.
— Assim como os humanos infectados devem ficar em isolamento de pessoas, também deve manter uma certa distância de suas companhias caninas e felinas. Como evitar contatos mais próximos, como beijá-lo, dormir com o animal e mantê-lo no colo, por exemplo. Com uma exposição frequente, o vírus pode ir se adaptando ao organismo e, aí sim, afetar outras espécies. Só que isso não significa que a pessoa deva deixar de conviver com o animal — afirma Lisandra Dornelles, presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul.
Reduzir o contato não significa tirar os animais de casa ou se afastar das funções de dono. A rotina de cuidados precisa ser mantida, como a oferta de alimentação e água fresca, cuidados com a saúde e a higiene, garantia de acesso a locais em que possam fazer suas necessidades básicas.
Além disso, veterinários afirmam que a família coronavírus é grande (existem uns que afetam felinos, cães e bovinos especificamente), mas a covid-19 não, até que se prove ao contrário.
— Alguns cientistas já iniciaram os testes, mas, no momento, não é algo que devemos perder tempo, porque são pouquíssimos relatos animais possivelmente contaminados. Não é o momento de procurar pelo em ovo. Em muitos casos, não temos como saber se o animal tem ou não o vírus, porque, assim como humanos são assintomáticos, eles também podem ser — relata a coordenadora de Saúde Animal da Unidade de Saúde Animal Victória (Usav), médica veterinária Brunna Barni.
A recomendação dos veterinários é que se os animais apresentarem sintomas, o dono deve levar o bichos de estimação em uma clínica veterinária para que ele seja avaliado e tratado da forma correta, sem pânico.
— A gente tem eles praticamente como se fosse um filho, então, se ele tiver alguma doença, não abandone. É também uma questão de saúde pública, quanto mais animal na rua, mais chance de aumentar o potencial de doenças a serem espalhadas. As rotinas devem se manter iguais, se ele está acostumado a passear na rua, continue, mas buscando alternativas para a higiene dele também. Seria bom evitar que outras pessoas passem a mão no cachorro ou no gato, por mais que ele não se infecte, ele pode levar o vírus para dentro de casa — completa a presidente do CRMV-RS.