Depois de Ceará e Pernambuco, o Maranhão é o mais novo Estado do Nordeste a enfrentar uma escalada de casos do coronavírus. O Estado enfrenta um cenário de colapso do sistema público de saúde da capital e corre contra o tempo para a instalação de novos leitos.
Nesta terça-feira (28), a cidade de São Luís atingiu 100% de ocupação dos 112 leitos das unidades de terapia intensiva (UTIs) da rede estadual destinadas ao tratamento de covid-19. Nos 267 leitos de enfermaria, a ocupação é de 63,7%.
A escassez de leitos é resultado da rápida progressão da doença no Estado, que chegou a 2.084 casos registrados. Em apenas uma semana, entre 21 e 28 de abril, o número de mortes pela covid-19 saltou de 66 para 166. Apenas nesta terça-feira (28) foram 21 óbitos registrados. Diante da escalada dos casos, o governador Flávio Dino afirmou que vai endurecer as regras de circulação de pessoas na Ilha de São Luís, que inclui os municípios de São Luís, Paço do Limiar, Raposa e São José de Ribamar.
— Não há dúvida que temos uma tendência, infelizmente, a partir da próxima semana, de termos um endurecimento de medidas (restritivas). Elas são necessárias, é o caminho que o mundo todo indica — afirmou Flávio Dino nesta quarta-feira (29) em entrevista à TV Mirante.
Não está descartado um decreto de lockdown, no qual há bloqueio total da circulação das pessoas nas ruas. O governador informou que, caso decida pela medida, informará com antecedência à população.
Para enfrentar a escalada da doença na capital, o governo informou que vai ampliar o número de leitos clínicos e de terapia intensiva. No início da crise, eram 80 leitos de UTI para o tratamento da covid-19 em São Luís, número que foi ampliado para 112 e chegará a 139 nesta quarta.
O governador ainda prometeu a incorporação de 130 novos leitos na rede estadual em São Luís na próxima semana, mas não informou quantos destes serão de terapia intensiva. Um hospital de campanha está sendo erguido na capital e outro na cidade de Açailândia. Ao todo, o governo recebeu 187 novos respiradores doados por empresários que foram comprados em um fornecedor da China.
Para garantir a aquisição, o governo precisou montar uma logística com custo de R$ 6 milhões por meio de uma rota pela África. O primeiro lote com 107 respiradores chegou há duas semanas dias. O segundo lote com 80 equipamentos chegou nesta quarta.
Em geral, a corrida para instalação de novos leitos tem sido marcada por obstáculos como a falta de equipamentos e de profissionais nas redes municipais, estadual e federal de saúde
Na rede federal, dos 20 novos leitos de UTI previstos para o hospital da Universidade Federal do Maranhão, 14 estão prontos para uso, mas ainda faltam médicos e enfermeiros.
Com mais de 200 profissionais afastados por suspeita ou contaminação do novo coronavírus, o hospital abriu um processo seletivo emergencial para contratar os profissionais de saúde. Também faltam leitos nas unidades de saúde privadas da capital maranhense. O Sindicato dos Hospitais Particulares de São Luís informou em ofício ao governo estadual que também está no limite da ocupação dos leitos clínicos e de terapia intensiva.
No interior, por outro lado, a situação é mais tranquila. Dos 84 leitos de UTI destinados ao tratamento da doença, apenas 14 estão ocupados. Também há 168 leitos clínicos, dos quais 154 estão disponíveis.
Caso persista a pressão sobre o sistema de saúde de São Luís, o governo avalia transferir pacientes da capital para ocupar leitos nas cidades do interior onde ainda há vagas disponíveis. A medida, contudo, só será tomada em último caso.
Flávio Dino destacou ainda que, a despeito dos esforços para ampliar a rede de atendimento, é preciso reduzir o ritmo de disseminação da doença pelo Maranhão:
— Temos que conter o número de pessoas pegando o coronavírus —afirmou.