A Força Aérea Brasileira (FAB) recebeu, nesta quarta-feira (4), o novo avião cargueiro militar KC-390, o maior aeroplano militar desenvolvido e fabricado no Hemisfério Sul. A cerimônia contou com a participação do presidente da República, Jair Bolsonaro, na Base Aérea de Anápolis, em Goiás.
Segundo a FAB, a aeronave tem condições de realizar todo tipo de operação de transporte como o de paraquedistas e tropas militares e de lançamento de cargas, além de missões de reabastecimento em voo, evacuação aeromédica, socorro humanitário, busca e resgate e combate a incêndios. A aeronave tem ainda capacidade de operar em pistas não pavimentadas ou danificadas e em praticamente qualquer parte do planeta, incluindo a Antártida e regiões de floresta, como a Amazônia.
As primeiras unidades da aeronave multimissão ficarão sediadas na Ala 2 da Base Aérea de Anápolis. Em 2014, o governo brasileiro adquiriu 28 aviões KC-390, que vão substituir, de forma paulatina, o cargueiro C-130 Hércules. A Embraer não informa o custo unitário da nova aeronave, porque o valor final varia conforme a customização exigida pelo clientes. O governo de Portugal também fechou contrato para a compra de 5 unidades do KC-390.
Ao discursar durante a cerimônia, Bolsonaro falou em soberania e voltou a criticar declarações de líderes estrangeiros sobre o hipotético estabelecimento de uma governança internacional sobre a Amazônia, como chegou a ser sugerido pelo presidente da França, Emannuel Macron.
— O Brasil é um país pacífico, mas não pode continuar, nem continuará sendo passivo a esse tipo de agressão. A Amazônia brasileira é nossa — disse.
Embraer vai apostar em defesa
Até o começo do ano que vem, a Embraer deverá completar o processo de separação da linha de aviões comerciais regionais, cujo controle foi comprado pela americana Boeing, e de aeronaves militares. A empresa remanescente focará em defesa, segurança, serviços e aviação executiva.
Os militares colocaram, desde as fases iniciais de estudo em 2008, R$ 5 bilhões para o desenvolvimento e construção de dois protótipos. Depois, fizeram o pedido inicial da aeronave, 28 unidades, por R$ 7,2 bilhões.
As vantagens técnicas do KC-390 decorrem do fato de ele ser um projeto do século 21, enquanto o Hércules, atual cargueiro utilizado pela FAB, voa desde 1956, ainda que com versões atualizadas.
O modelo brasileiro tem duas turbinas, ante quatro motores turboélices do americano, e transporta até 26 toneladas, enquanto o Hércules leva 19 toneladas de carga.
É mais barato de operar e também unitariamente (cerca de R$ 350 milhões contra R$ 420 milhões), mas este é um valor de referência apenas, pois depende de cada pacote de venda. Eles não concorrem diretamente com o A400M (37 toneladas de carga, R$ 650 milhões a unidade).