A única estatal lucrativa prestes a ser privatizada pelo governo do Estado, a Sulgás planeja gastar R$ 34,9 milhões em 2019 para ampliação de sua rede, mais do que investiu nos últimos três anos (em 2018 foram R$ 29,6 milhões, em 2017, R$ 25,7 milhões, e em 2016, R$ 32,5 milhões) . Em 10 anos, o investimento acumulado é de R$ 368,4 milhões, totalizando mais de 1,1 mil quilômetros de redes de distribuição no Rio Grande do Sul e 51,7 mil clientes em 41 municípios gaúchos.
Segundo a companhia, o impulsionamento dos investimentos não tem relação com a privatização, mas com um planejamento estratégico para seu crescimento. O aumento do interesse das empresas e pessoas pelo gás natural também estimula o investimento. "Há uma grande demanda por construção de ramais para atendimento a novas indústrias e postos de GNV em várias localidades, pois estamos tendo uma grande efetividade comercial no segmento industrial e veicular", diz comunicado da estatal.
Os principais projetos da Sulgás para este ano estão ligados à ampliação da rede entre Igrejinha e Gramado e entre Canoas e Gravataí.
De acordo com o último levantamento, em abril, houve a distribuição de 2,31 milhões de metros cúbicos por dia, maior valor acumulado desde janeiro. Como superou os 50 mil clientes residenciais, a companhia está entre as quatro maiores distribuidoras fora do eixo Rio-São Paulo. O lucro da Sulgás em 2018 chegou a R$ 73,4 milhões — o governo do Estado tem participação em 51% e a Petrobras Gás S.A. – Gaspetro, 49%.
Interesse na estatal
Segundo reportagem publicada em GauchaZH em abril, durante processo de privatização, a Sulgás teria maior capacidade de atrair concorrentes para sua compra porque possui estrutura enxuta e resultados positivos.
— É bastante alta a probabilidade de haver boa demanda pela Sulgás. Até os mais arraigados ambientalistas admitem que o gás natural é aceitável para uma economia verde. Como ainda não exploramos bem isso no Brasil, há um mundo pela frente — havia opinado Mikio Kawai Junior, diretor-executivo da Safira Energia.
Ainda de acordo com a reportagem, entre as possíveis candidatas a assumir a Sulgás, as principais cotadas são Comgás e Engie. Também são citadas Mitsui e Shell. Controlada pela brasileira Cosan, a Comgás é a maior distribuidora de gás natural do país, com atuação em São Paulo, onde tem 1,4 milhão de clientes em 177 cidades.
Já a franco-belga Engie está se reposicionando no Brasil e arrematou, em 5 de abril, em parceria com um fundo canadense, a Transportadora Associada de Gás (TAG), da Petrobras. É dona de uma térmica a carvão em Candiota, na Metade Sul, mas quer se desfazer da fonte. A tendência é de que dobre a aposta no gás.
Embora tenha aprovado por ampla maioria na Assembleia projeto que retira da Constituição a necessidade de realizar plebiscito antes de privatizar CEEE, Sulgás e CRM, o governo do Estado ainda não encaminhou para os deputados projeto de lei para desestatização dessas companhias.