A família da adolescente Bárbara Andriélli Mendes de Moraes, 15 anos, ainda espera uma resposta da Polícia Civil à colisão que a matou. A garota morreu ao ser atingida por uma BMW X5 enquanto viajava com um amigo da família, em uma motocicleta, na freeway, na madrugada do domingo de Carnaval (3 de março). O pai e a mãe dela estavam em uma moto ao lado e também foram atingidos.
O motorista do carro, o médico Leandro Toledo de Oliveira, estava com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa e, mesmo assim, foi liberado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Ele não foi levado para uma delegacia e não foi submetido ao teste do bafômetro. A corporação argumentou que o procedimento não foi concluído porque ele foi levado para um hospital para atendimento.
Além disso, o caso só foi registrado pelos agentes 85 horas depois. Os procedimentos fora do comum adotados pelos patrulheiros foram revelados pela reportagem de GaúchaZH. Após isso, eles passaram a ser investigados pela corregedoria da PRF.
A chefia da Polícia Civil também determinou prioridade na investigação à Delegacia de Polícia de Santo Antônio da Patrulha após o delegado Valdernei Tonete declarar a GaúchaZH que o caso seria investigado "na medida do possível".
Além de querer saber o que a polícia fará com o motorista, a família precisa do término da investigação para entrar na Justiça com pedido de indenização ao seguro. A delegacia afirma que está próxima de encerrar o caso.
A família ainda não teve acesso à ficha de atendimento da ambulância da CCR, concessionária da freeway, que resgatou Bárbara no acidente — ela chegou sem vida no hospital. O documento vai ser entregue aos pais dela na sexta-feira (5), no hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre.
Um outro documento aguardado é o laudo da morte do Instituto-Geral de Perícas (IGP). O órgão afirmou que ainda está fazendo análises no material genético recolhido do rim da menina. Está sendo feito um exame toxicológico. Depois, deve ser feito um exame laboratorial, para averiguar eventual teor alcoólico na menina, que era carona da moto, o que deve acontecer nesta semana. O documento só deve ser finalizado no final de abril.
Enquanto isso, os pais de Bárbara estão mantendo as outras oito crianças (seis filhos e dois sobrinhos) em casa com economias que tinham e a partir da ajuda da comunidade de Tramandaí, onde moram. O pai e a mãe não conseguem trabalhar, já que tiveram ossos quebrados em decorrência da batida.
O pai, Douglas Ozório de Moraes, atuava como motoboy durante a noite e tocava com a esposa, mãe de Bárbara, uma venda de marmitex durante o dia.
— Temos muito amigos, conhecidos, clientes. Pessoal fez muita doação de alimentos, fralda e leite. Temos nossas reservinhas, o aluguel ainda está em dia. Conta de luz conseguimos pagar. Mas é só assim, não tem nada que eu possa fazer. Mal posso caminhar pela casa que pela noite já fico com dor — diz o pai.
Recentemente, o advogado do médico que causou o acidente informou que ele estava se deslocando a trabalho, que não sabia que estava com a CNH suspensa e garantiu que ele não havia ingerido álcool.