O médico Leandro Toledo de Oliveira, 37 anos, que se envolveu em acidente de trânsito que matou uma menina de 15 anos, na freeway, em Santo Antônio da Patrulha, garante que não sabia que estava com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa. A informação é do advogado que assumiu a defesa dele, Guilherme Volante.
Oliveira dirigia uma BMW X5 que colidiu contra duas motos na madrugada de 3 de março, domingo de Carnaval. Além de matar a adolescente Bárbara Andriélli Mendes de Moraes, o acidente deixou a mãe da menina, o pai dela e um amigo feridos. A mãe de Bárbara segue internada e já passou pela terceira cirurgia na perna direita em decorrência de uma fratura exposta. Os médicos dizem que sua recuperação deve demorar um ano.
Segundo o advogado, seu cliente não foi devidamente informado pelo Departamento de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS) sobre a suspensão do documento. Ele alega que o médico não recebeu documento formalizando o ocorrido, mesmo estando com o endereço atualizado. O motorista não poderia dirigir desde quando foi flagrado bêbado conduzindo um veículo na BR-448, em Canoas, em 2015.
— Atuo na área de trânsito e posso dizer que a falha na comunicação é muito comum. Ele não sabia da suspensão. Além disso, o prazo da suspensão já havia transcorrido, faltava apenas a reciclagem —conta o advogado.
A notificação da suspensão da carteira do médico pelo Detran se deu através de publicação no Diário Oficial do Estado (DOE) no dia 23 de março de 2018. Na publicação, o departamento explicou que esgotou as três tentativas de entregar o aviso via Correios. Para o advogado, ainda assim, é insuficiente a notificação.
Volante também defende que seu cliente estava em deslocamento em função de trabalho e que ele vai prestar depoimento espontaneamente para colaborar com a investigação.
Investigação
O celular do médico foi apreendido pela Polícia Civil, para verificar mensagens e fotos do dia do acidente. Para o advogado, a medida é “inócua, já que não será encontrado nada”.
O delegado Valdernei Tonete foi procurado nesta quarta-feira (20) e afirmou que não irá se manifestar sobre o caso antes de terminar o inquérito. Além do médico, os próprios policiais que atenderam a ocorrência estão sendo investigados. O acidente com morte só foi registrado na Polícia Civil 85 horas depois.
Além disso, os agentes não submeteram o médico ao teste do bafômetro. Segundo a PRF, o exame não foi realizado porque Oliveira estava com um colete cervical. Já o advogado pondera que a medida não seria necessária, já que, segundo ele, o seu cliente não havia bebido naquele dia.
Três policiais rodoviários já prestaram depoimento na corregedoria da corporação, mas o conteúdo não foi divulgado.
A delegacia de Santo Antônio da Patrulha também ouviu, na segunda-feira (18), um policial rodoviário e um socorrista da empresa CCR ViaSul - a nova administradora da freeway. O objetivo é esclarecer as circunstâncias que motivaram a liberação do motorista.
O Detran ainda não recebeu a notificação do acidente provocado pelo médico na madrugada do dia 3. No entanto, garante que assim que for informado oficialmente, através de um sistema integrado com a PRF, irá abrir processo para cassar em definitivo a CNH do médico.