A chefe da Polícia Civil gaúcha, Nadine Anflor, informou, nesta sexta-feira (8), que o acidente causado por um médico com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa, que provocou a morte de uma adolescente de 15 anos na freeway, vai ser prioridade para a Delegacia de Polícia (DP) de Santo Antônio da Patrulha.
— Solicitamos atenção especial na investigação à DP de Santo Antonio. A Polícia Civil não vai deixar passar esse fato grave — declarou a número um da polícia no Estado.
Na quinta-feira (7), o delegado Valdernei Tonete declarou à GaúchaZH que o caso não era prioridade, que havia deficiência de agentes e que perícias seriam solicitadas na medida do possível.
A chefe de polícia, no entanto, informou que o "colega se atrapalhou". Nesta sexta, agentes da delegacia estão intimando todos os envolvidos e chamando os policiais rodoviários federais que atenderam o caso para depor. Além disso, uma equipe de policiais deve ir até o Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre, onde estão os sobreviventes do acidente, para colher informações.
Nadine admite que a investigação está prejudicada, especialmente pelo fato de a PRF ter comunicado a Polícia Civil somente 86 horas depois. Para ela, a investigação vai se assemelhar a uma reconstituição de tudo que ocorreu naquela madrugada.
O acidente ocorreu na madrugada de domingo (3), em meio ao feriadão de Carnaval, na freeway. De acordo com a ocorrência, Leandro Toledo de Oliveira, 37 anos, teria atingido por trás duas motocicletas enquanto conduzia uma caminhonete BMW X5.
Nas duas motocicletas, estavam Bárbara Andriélli Mendes de Moraes, 15 anos, o pai e a mãe dela e um amigo da família. Todos sofreram ferimentos graves e foram encaminhados para o hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre. A adolescente não resistiu e morreu na ambulância.
A ocorrência só foi registrada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Polícia Civil na quarta-feira (6), às 16h54min. De acordo com a ocorrência, a moto onde ela estava ficou presa na parte da frente do carro e foi arrastada por 74 metros. A outra moto, onde estavam o pai e a mãe de Bárbara, foi arremessada para o canteiro central.
O acidente foi atendido pela CCR e pela Polícia Rodoviária Federal. A PRF confirma que houve atraso para comunicar à Polícia Civil. O procedimento padrão do órgão é fazer a ocorrência de acidentes graves logo após encerrar o atendimento inicial. Caso não seja dessa maneira, a orientação aos agentes é realizar em até três dias. O registro do acidente que matou Bárbara foi feito mais de 85 horas depois.
O motorista da BMW foi encaminhado ao Hospital de Santo Antônio da Patrulha com lesões leves. Segundo a PRF, o médico não foi submetido ao teste de bafômetro. Também não foi solicitado o teste de presença de álcool por meio de exame de sangue. Ele estava com carteira suspensa por ter sido flagrado embriagado na BR-448, em Canoas, em 2015, com outro veículo da mesma marca.
A corregedoria da corporação está avaliando a atitude dos policiais. A CCR disse que levou os feridos para hospitais e deixou o restante do atendimento com a polícia. Em seu site, a corporação publicou uma nota afirmando que o "feriadão de Carnaval não teve óbitos" na freeway.
Em contato com a reportagem de GaúchaZH, na tarde desta quinta-feira (7), Leandro Oliveira afirmou que acionou um advogado para sua defesa no caso, que está muito abalado com o acidente e prefere não se manifestar.