Os executivos da Vale e os engenheiros de uma empresa terceirizada investigados dentro do processo que apura as causas da ruptura da barragem em Brumadinho, no último dia 25, deixaram na tarde desta quinta-feira (7) a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. A decisão inicial da Justiça em Brumadinho era de que a prisão fosse por, no mínimo, 30 dias, mas os cinco presos foram soltos por decisão liminar do ministro Nefi Cordeiro, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) . Todos saíram tampando os rostos.
Os executivos da Vale que estavam presos são Cesar Augusto Paulino Grandchamp, geólogo, Ricardo de Oliveira, gerente de Meio Ambiente do Corredor Sudeste, e Rodrigo Artur Gomes de Melo, gerente executivo do Complexo Paraopeba da Vale. Os engenheiros terceirizados, que atestaram estabilidade da barragem, são André Yassuda e Makoto Mamba.
Foram dois dias de um intenso entra e sai de advogados do grupo na Nelson Hungria. Na noite de quarta-feira (6), por volta das 21h, dois carros chegaram a ser posicionados depois da guarita do complexo, próximo ao portão da penitenciária, para apanhar os engenheiros e executivos. A intenção era evitar contato com a imprensa. Outros veículos ficaram em área próxima à cadeia.
Antes, por volta das 20h, três carros, sob orientação de advogados, se posicionaram na cancela que fica em frente à guarita da entrada da penitenciária e tiveram ordem de agente de segurança para que recuassem. Foram informados que apenas um carro por advogado poderia se aproximar do portão. Um dos motoristas se irritou com a presença de repórteres.
Por volta das 23h, os dois veículos próximos ao portão deixaram o complexo. Os outros três que estavam próximos à Nelson Hungria também foram embora. A Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) afirmou que a saída não aconteceu antes porque os alvarás de soltura não chegaram à penitenciária. Conforme o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, um problema técnico no sistema eletrônico da Comarca de Contagem atrasou a emissão dos alvarás.
Conforme o relator da decisão do STJ pela soltura do grupo, ministro Nefi Cordeiro, a saída dos engenheiros, que trabalham para a empresa Tv Sd, e dos funcionários da Vale se justifica porque todos prestaram declarações, além de já terem sido feitas buscas e apreensões, e não ter sido detectado risco que pudessem oferecer à sociedade.
Na última sexta-feira (1), o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) havia negado habeas corpus para os funcionários da mineradora e engenheiros terceirizados. As prisões ocorreram a pedido do Ministério Público em operação para apurar suspeita de homicídio, falsidade ideológica e crimes ambientais no rompimento da barragem.