O presidente interino, Hamilton Mourão, afirmou nesta segunda-feira (28) que o gabinete de crise criado pelo Palácio do Planalto estuda a possibilidade de afastamento da diretoria da Vale durante as investigações sobre a tragédia em Brumadinho, em Minas Gerais.
Perguntado se a hipótese é considerada pelo governo federal, o general disse que ela está sendo avaliada, mas que ele não tem certeza se uma recomendação de afastamento pode ser feita pelo Poder Executivo.
— Essa questão da diretoria da Vale está sendo estudada pelo grupo de crise, vamos aguardar quais são as linhas de ação que eles estão levantando. Tem de estudar isso, não tenho certeza se pode fazer essa recomendação — destacou Mourão.
Um dos principais advogados da empresa, Sergio Bermudes, disse à Folha de S.Paulo que a companhia "não enxerga razões determinantes de sua responsabilidade" e que, portanto, a diretoria não se afastará "em hipótese alguma".
Na saída de seu gabinete, no Palácio do Planalto, Mourão defendeu que caso seja comprovado que a tragédia foi causada por imprudência ou negligência de funcionários da empresa, eles devem responder criminalmente pelo ocorrido.
— Tem de apurar e punir quem tiver de ser punido. Mas tem de apurar mesmo — disse, acrescentando.
— Se houve imprudência ou negligência, por parte de alguém dentro da empresa, essa pessoa tem de responder criminalmente. Afinal de contas, vidas foram perdidas nisso aí.
Ele disse ainda que o meio ambiente "sempre será uma bandeira" do novo governo, em um contraponto ao discurso adotado pelo presidente Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral. Em outubro, o então candidato disse que pretendia acabar com o "ativismo ambiental xiita".
Segundo Mourão, Bolsonaro fez uma sinalização clara sobre o assunto na semana passada, em sua participação no Fórum Econômico Mundial, quando disse que "por ora" o Brasil permanece no Acordo de Paris.
— Ele deixou firme que o Brasil permanece. Eu também já disse que nós não podemos nos furtar, porque essa é uma questão moderna. Nós temos de todas as formas preservar o nosso planeta. Se não (preservar), a gente vai ter de viver em Marte — afirmou o presidente interino.
O número de mortos no rompimento da barragem de rejeitos chegou, até a manhã desta segunda-feira (28), a a 60 pessoas, com 292 desaparecidos.