Após o anúncio do fim da parceria de Cuba com o Mais Médicos, a previsão é que o cubanos que atuam no programa federal comecem a deixar o país já no dia 25 deste mês. A saída deve ser gradual, separada por regiões. Em alguns dias, haverá mais de um voo de volta ao país caribenho.
Atualmente, de 16.150 médicos que atuam no Mais Médicos, 8.332 são cubanos. A previsão é que todos eles deixem o Brasil em até 40 dias a contar desta quinta-feira (15) — neste caso, a data final seria 25 de dezembro. O governo cubano anunciou, mais cedo, que 196 médicos já haviam chegado à ilha, mas não está confirmado se esses profissionais tinham viagem marcada antes do anúncio do governo cubano (feito nesta quarta-feira).
Os dados foram informados em reunião da embaixada de Cuba com representantes do Conasems, conselho que reúne secretários municipais de saúde, e membros da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), até então responsável por intermediar a vinda dos médicos ao programa.
O fim da participação dos médicos cubanos foi anunciado na quarta-feira (14). Em nota divulgada pelo Ministério da Saúde do país caribenho, a decisão é atribuída a questionamentos feitos pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), à qualificação dos médicos cubanos e ao seu projeto de modificar o acordo, exigindo revalidação de diplomas no Brasil e contratação individual.
"Condicionamos a continuidade do programa Mais Médicos à aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje maior parte destinados à ditadura, e a liberdade para trazerem suas famílias. Infelizmente, Cuba não aceitou", afirmou Bolsonaro, por meio de sua conta no Twitter, após a decisão anunciada pelo governo cubano.
Já o governo de Cuba diz, em nota, que as ameaças de alterações no termo de cooperação firmado com a Opas são "inaceitáveis" e que o povo brasileiro saberá a quem responsabilizar pelo fim do convênio.
No encontro desta quinta, representantes da embaixada comunicaram os municípios que a decisão é "irrevogável".
Também fizeram um pedido para que prefeitos apoiem a saída - do contrário, além do fim do vínculo com o programa, os médicos ficariam em situação irregular no país.
— Mesmo que alguns queiram voltar, porque alguns já constituíram família, têm que ir, fazer a rescisão do contrato, para depois retornar e tentar permanecer no Brasil — relata o presidente do Conasems, Mauro Junqueira.
O rompimento do convênio, que começou em 2013, no entanto, preocupa municípios, que temem que a saída gere desassistência.
— O programa Mais Médicos atua exclusivamente na atenção básica, com prevenção, promoção da saúde e controle de doenças transmissíveis. Se ficar sem médico, o paciente vai agudizar e vai para hospitais, e vai aumentar o caos. Precisamos fazer é ter agilidade para repor médicos — afirma Junqueira.
Em nota, o Ministério da Saúde informa que lançará um edital emergencial para reposição das vagas na próxima semana. A entidade diz ainda que está adotando todas as medidas necessárias "para garantir a assistência dos brasileiros atendidos pelas equipes da Saúde da Família que contam com profissionais de Cuba".