O Rio Grande do Sul deve superar a marca de 731 venezuelanos que foram recebidos até agora no processo de interiorização do Governo Federal. A expectativa é do Ministro do Desenvolvimento Social (MDS), Alberto Beltrame, que se reuniu com prefeitos do norte do Estado na cidade de Chapada.
— Acho que a gente tem grandes possibilidades. De um modo geral, os prefeitos que não tinham visto a realidade conheceram o processo, e viram que não é tão complexo assim. E os imigrantes estão gratos, bem recebidos pela comunidade —celebrou Beltrame.
O MDS pretende retirar dos abrigos de Roraima mil imigrantes ainda em outubro, levando-os para as cidades brasileiras que aderirem ao processo de interiorização. O Rio Grande do Sul tem possibilidade de receber alguns dos venezuelanos.
— Acredito que ainda em outubro, início de novembro, sim, vamos conseguir levar mais gente. Todos ficaram de estudar a oportunidade de receber. Se cada prefeitura aceitar 10 famílias, ou 10 pessoas, já é muita gente.
Com pouco mais de 10 mil habitantes, o pequeno município de Chapada teve um acréscimo de quase 0,5% no número de habitantes com a chegada dos novos moradores. Dos 52 venezuelanos, 27 são crianças e adolescentes em idade escolar, que já estão matriculados na rede municipal, segundo o prefeito de Chapada, Carlos Alzenir Catto (PDT):
— Todas estão em creche ou na escola. E estão sendo muito bem recebidas, inseridas junto às outras crianças.
Em Chapada, os estudantes frequentam as escolas Érico Veríssimo e São Luiz Gonzaga, no distrito de Tesouras. Ambas são de tempo integral, e oferecem atividades de música, canto, inglês e natação. O prefeito não descarta receber mais imigrantes.
— Não estão fechadas as portas. Existe a possibilidade de virem mais para cá, estamos avaliando — afirmou Catto.
Das 24 pessoas em idade economicamente ativa, 21 estão trabalhando e um casal está em processo de contratação para serem caseiros. Dezesseis foram contratadas pela Laticínios Friolack, que aumentou a força de trabalho em cerca de 10% com os venezuelanos. A única imigrante que está fora do mercado é uma lactante, mãe de um bebê de dois meses de idade, que nasceu em Roraima.
Presidente da Associação dos Municípios da Zona de Produção (AMZOP), o prefeito de Liberato Salzano, Gilson de Carli (MDB) considera Chapada um exemplo para as demais cidades. Ele também elogiou a qualificação dos imigrantes.
— É uma mão-de-obra bastante boa. E nossas cidades têm capacidade de absorver, seja como soldador ou até mesmo na agricultura familiar, que tem muitos idosos ficando sozinhos nas propriedades.
O prefeito de Coqueiros do Sul, Valoir Chapuis (PP) participou do encontro com o Governo Federal, mas teme que a chegada de novos trabalhadores vá aumentar a concorrência em seu município.
— Temos apenas 2,5 mil habitantes e somos um município essencialmente agrícola. Somente agora vamos instalar a primeira indústria de laticínios. O município não tem condições de receber, porque acabariam disputando empregos com os nossos.
Para convencer os prefeitos a abrirem as portas para mais estrangeiros, o ministro Beltrame disponibilizou um avião da Força Aérea Brasileira, que levaria os chefes do executivo desses municípios para a capital de Roraima, Boa Vista.
— Formulei o convite, colocando a disposição um voo da FAB para levá-los a Roraima, para conhecer a situação in loco. Queremos envolvê-los com a ideia.
Responsável por organizar a comitiva, o Presidente da AMZOP já fez os primeiros contatos.
— Falei com os prefeitos de Pinhal, Três Palmeiras, Nova Boa Vista, Trindade, Seberi e Rodeio Bonito. Todos manifestaram interesse em viajar para Boa Vista, a convite do governo. E ainda vou falar com outros.