Uma foto que mostra um servidor e um prestador de serviços da prefeitura ao lado de um cadáver no Cemitério Cristo Redentor, em Guaporé, na Serra, é alvo de investigação. No registro, os homens — um concursado e outro apenado integrante de programa de reabilitação — estão parados ao lado dos restos mortais de uma pessoa. Um dos indivíduos esboça um sorriso na fotografia.
Eles estavam realizando trabalho de retirada de ossadas de sepulturas do cemitério para envio a um ossuário. Os nomes dos trabalhadores não foram divulgados pela prefeitura e o servidor público não foi afastado. O caso teve grande repercussão nas redes sociais com o compartilhamento da foto, que também foi alvo de montagens.
O setor jurídico da prefeitura de Guaporé informou que a dupla estava a serviço da Secretaria de Obras e Viação. Questionada sobre o fato, a pasta informou ao Executivo que os homens estavam realizando o serviço de retirada do corpo que estava enrijecido, quando foram fotografados por alguém que estava no local. A prefeitura teve conhecimento do caso no fim de semana passado e decidiu abrir procedimento, nesta semana, para verificar eventuais irregularidades. Ainda não foi identificada a data em que o registro foi feito.
— Instauramos um processo administrativo disciplinar para verificação dessa situação e enviamos um ofício ao Ministério Público a fim de averiguação do eventual crime de vilipêndio (destratar, desprezar, desdenhar) — disse Daniel Zorzi, assessor jurídico da prefeitura.
O jurídico da prefeitura também encaminhou documento à Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) para verificar a conduta do apenado que presta serviços para o município. Zorzi informou que os trabalhadores não foram punidos no primeiro momento, pois é aguardada a conclusão do processo.
A prefeitura apura se os funcionários posaram para foto e estavam cientes da situação, tenta identificar os responsáveis pelo registro e pela divulgação da imagem nas redes sociais.
Polícia também investiga o caso
O delegado de Guaporé, Tiago Lopes, informou que um inquérito foi aberto para verificar se houve vilipendio de cadáver (ato contra o respeito aos mortos), crime previsto no Código Penal. A filha do homem morto fotografado foi à delegacia para realizar registro de ocorrência após saber do caso por meio de amigos, segundo o delegado.
— Em tese, pela situação, fica bem claro que houve, digamos assim, um desrespeito ao morto, uma questão de menosprezo à situação, o que caracteriza o vilipendio — afirmou Lopes.
O delegado disse que já solicitou informações à prefeitura. Assim que receber a identificação dos envolvidos, ele pretende colher os depoimentos. A prefeitura vai ouvir os trabalhadores na semana que vem.