A calmaria imperou no Viaduto Otávio Rocha, no centro de Porto Alegre, na primeira manhã de food trucks atuando no local. Até o meio-dia deste sábado, apenas um dos seis trucks confirmados para vender comida e bebida instalou-se sob a estrutura, e a circulação de pedestres foi tímida. As atividades ocorrem até as 21h, e devem se repetir neste domingo.
Proprietária do Fritos e Fritas, truck de Canoas que vende petiscos como batatas e polentas fritas, Viviana Melo estacionou no local por volta das 9h. Somente às 11h30min fez sua primeira venda: um combinado com batata, polenta, calabresa, bacon, coxinha da asa e queijo muçarela, comprado pelo diretor de promoção econômica da prefeitura, Luís Antônio Steglich — mais tarde, outras pessoas se aproximaram do truck. Ela comemorou a oportunidade de trabalhar pela primeira vez nas ruas da Capital.
— A proposta é muito boa. A cidade, além de merecer, precisa disso — sorriu.
Não só atividades gastronômicas marcam o primeiro fim de semana no Viaduto depois de uma ação da Brigada Militar que retirou os pertences de moradores de rua que se instalavam sob o local, na quarta-feira, e cuja atuação a prefeitura disse não ter sido informada. Comerciantes que integram a Associação Representativa Cultural dos Comerciantes do Viaduto Otávio Rocha (Arcovi) aproveitaram o espaço livre para montar uma feira multicultural, com venda de livros, cds, LPs, quadros e roupas de brechó. Presidente da associação e dono de um sebo no viaduto, Adacir José Flores disse que procurou a prefeitura depois da ação de desocupação para pedir permissão para a realização da feira. A entidade propõe que as atividades ocorram em caráter permanente.
— Nós fomos pegos de surpresa pela atuação da BM. No fim, foi bom porque não teve tumulto. Já tínhamos proposto, anos atrás, a realização de uma feira permanente nesse local, e queremos que isso ocorra. É uma forma de trazer dignidade para esse espaço — disse Flores.
A última edição da feira organizada pela Arcovi ocorreu dois anos atrás, antes de o viaduto ser ocupado por barracas e cobertas de moradores de rua e usuários de drogas — o tráfico tornou-se um problema crônico no local. Os comerciantes funcionarão até as 18h, quando devem avaliar se a edição será repetida no domingo.
Chamava a atenção dos poucos pedestres que circulavam pelo local na manhã deste sábado o novo aspecto do viaduto. Pessoas olhavam com curiosidade para as bancas recém-instaladas e o food truck estacionado — uma viatura da BM instalada à esquina com a Rua Fernando Machado fazia a segurança na área. Operadora de caixa em um supermercado nas imediações, Caroline Lopes, 21 anos, mostrou-se satisfeita com o novo cenário.
— Estou gostando de ver. Aqui sempre foi um foco de perigo e de medo. Assim, está ótimo — sorriu Caroline, que circula pelo local diariamente.