- Atualização: caminhoneiros fazem novos atos no RS nesta terça-feira (22). Leia mais
Caminhoneiros iniciaram manifestações contra a alta nos preços dos combustíveis entre a noite de domingo (20) e a madrugada desta segunda-feira (21) em alguns pontos do Rio Grande do Sul.
Até as 23h, ao menos quatro pontos de bloqueio para veículos de carga eram registrados em rodovias federais — BRs 116, 101, 290 e 285 — e pelo menos 26 trechos com concentração de motoristas em estradas federais e estaduais.
As ações anteciparam a decisão oficial da categoria em aderir à greve nacional. Em uma reunião realizada por videoconferência, os 12 sindicatos integrantes da Federação dos Caminhoneiros Autônomos (Fecam) dediciram participar da mobilização.
Rodovias estaduais
Em São Sebastião do Caí, os bloqueios no km 16 da RS-122 começaram por volta das 6h em ambos os sentidos, com intervalos a cada 30 minutos. O tráfego foi liberado por volta das 10h.
Por volta das 8h30min, caminhoneiros iniciaram bloqueio total no km 9 da RS-118, em Sapucaia do Sul. O Comando Rodoviária da Brigada Militar (CRBM) negociou com os caminhoneiros e eles liberaram a estrada por volta das 9h30min.
A unidade do CRBM em Viamão informou que caminhoneiros seguiam nas margens da RS-040, próximo ao pedágio de Águas Claras até as 22h desta segunda-feira. Não há registro de bloqueio de trânsito no local.
Rodovias federais
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) divulgou um balanço, às 19h19min, com pelo menos 29 pontos de rodovias federais com manifestação. Até as 23h, em quatro deles havia bloqueios apenas para veículos de carga: BR-101, bloqueio da pista lateral no km 22, em Três Cachoeiras; BR-116, nos kms 397 e 401, em Camaquã; BR-290, km 70 em Gravataí; BR-285, no km 461, em Ijuí.
Os caminhoneiros seguem concentrados às margens da BR-285, em Ijuí, São Luiz Gonzaga; BR-116 em Jaguarão, Novo Hamburgo, Arroio Grande, Vacaria, Turuçu e Camaquã; BR-392, em Pelotas, Canguçu Santa Maria; BR-158, em Julio de Castilhos, Panambi e Cruz Alta; BR-293, em Bagé e em Dom Pedrito; e BR-153, em Erechim, Cachoeira do Sul e Entre-Ijuís; BR-386, em Paverama, Venâncio Aires, Vendinha e Tio Hugo; BR-290, em Uruguaia; e BR-472, em Uruguaia. A PRF monitora os locais.
Em Novo Hamburgo, na BR-116, bloqueios momentâneos foram iniciados por volta das 10h. Encerrados por volta das 11h, os caminhoneiros permaneceram reunidos em um posto no bairro Roselândia, convidandomotoristas que passavam pelo local para aderir ao movimento.
Na BR-101, km 22 em Três Cachoeiras, no Litoral Norte, houve queima de pneus ainda durante a madrugada no km 33 e tentativa de bloqueios no km 22, sentido Litoral – Porto Alegre. O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 2h para apagar o fogo. A via ficou parcialmente bloqueada por cerca de uma hora, mas a Polícia Rodoviária Federal (PRF) negociou com o movimento e a rodovia está liberada para o tráfego.
Segundo a PRF, houve relatos de que alguns caminhoneiros não aderiram ao movimento e, por isso, pedras foram arremessadas durante a passagem pelo trecho. Integrantes do movimento estão no local para abordar os caminhões que passam na rodovia e convencê-los a participar da greve.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, o superintendente da PRF no Rio Grande do Sul, inspetor João Francisco Ribeiro de Oliveira, afirmou que está em contato com a Advocacia Geral da União (AGU) para que, se necessário, entrar com uma uma ação de interdito proibitório, ou seja, que proiba qualquer bloqueio de rodovia federal sob a pena de multa. Esse tipo de medida já foi autorizado pela Justiça no Estado em outros momentos.
Novos atos
Frente à indefinição do governo Temer, há expectativa de novos protestos em rodovias hoje. O presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Ijuí, Carlos Alberto Litti Dahmer, afirmou que as manifestações no município e em outas cidades da região Noroeste devem seguir pelos próximos dias:
— Quem tiver condições de continuar madrugada adentro nos locais seguirá. Os atos devem seguir pelo menos até esta terça-feira. Mas a expectativa é de que a mobilização engrosse em todo o Estado nos próximos dias.
O que pedem os caminhoneiros
Os caminhoneiros pedem, entre outras providências, a redução das alíquotas da contribuição para PIS/PASEP e Cofins sobre as operações com óleo diesel, principal combustível dos caminhões.
Em nota, a Federação dos Caminhoneiros Autônomos (Fecam-RS) — os mais atingidos pelos aumentos em cascata no preço dos combustíveis — alinhou os principais motivos para descontentamento:
- Altas sucessivas no óleo diesel, produto que representa 42% do custo do frete para o caminhoneiro.
- Falta de infra-estrutura no país, com estradas deterioradas e sem segurança ao transporte.
- Dificuldade de receber da empresa contratante o vale-pedágio destacado do valor do frete.
- Falta de financiamento possível de ser pago pelo caminhoneiro, nas atuais condições do mercado.
Na semana passada, a ABCam enviou ofício ao governo, afirmando que os caminhoneiros vêm sofrendo com os aumentos sucessivos no diesel, o que tem gerado aumento de custos para a atividade de transporte. Segundo a associação, o diesel representa 42% dos custos do negócio. Citando dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), a organização afirma que 43% do preço do diesel na refinaria vêm do ICMS, PIS, da Cofins e Cide.
No documento, a entidade reivindicou a isenção do PIS, da Cofins e Cide sobre o óleo diesel utilizado por transportadores autônomos. A associação também propõe medidas de subsídio à aquisição de óleo diesel, por meio de um sistema ou pela criação de um Fundo de Amparo ao Transportador Autônomo.