A greve de 72 horas dos petroleiros, que começará na virada desta terça (29) para quarta-feira (30), terá a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, como a principal unidade da Petrobras afetada pela paralisação no Estado.
Mesmo assim, o movimento não deverá prejudicar a distribuição de combustível para o Rio Grande do Sul a partir da Refap, que tem retomado o ritmo de abastecimento do mercado com o apoio de contingente policial enquanto ainda perdura a greve dos caminhoneiros. É do pátio da Refap que saem os caminhões-tanque destinados a atender os postos de gasolina procurados pelo consumidor final.
— Não chegará a ter o impedimento de entrega de derivados de petróleo. O estoque está muito alto. Gerentes e supervisores que não aderem ao movimento podem despachar os derivados — explica Fernando Maia da Costa, presidente do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Sul (Sindipetro-RS), vinculado à Central Única dos Trabalhadores (CUT).
O líder sindical faz uma ressalva, deixando aberta a hipótese de a causa receber apoio de ocupantes de cargos de chefia.
— Alguns supervisores e gerentes estão avaliando a participação no movimento por entenderem que a Petrobras tem um papel social a cumprir. Eles podem aderir e, eventualmente, entregar os cargos — projeta.
Costa diz que, entre quarta e sexta-feira (1), petroleiros irão paralisar as atividades em 13 bases do sistema Petrobras representadas por sindicados ligados à Federação Única dos Petroleiros (FUP). São refinarias, terminais, fábricas de fertilizantes, unidades de produção de petróleo e plataformas de perfuração.
— Vamos paralisar e, depois, avaliar o resultado e verificar a necessidade de greve por tempo indeterminado. A finalidade da parada de 72 horas é alertar o governo de que as políticas de Pedro Parente (presidente da Petrobras) prejudicam a população brasileira. Precisamos mudar a política da Petrobras, voltar a atender às necessidades da população e não aos pedidos de lucro dos acionistas, com a política de preços de mercado — diz Costa.
Os petroleiros também pretendem reforçar o discurso de que, sem alterações de rumo, o desconto no diesel concedido pelo governo durante a greve dos caminhoneiros será apenas um paliativo. O valor da gasolina, por exemplo, continuará elevado.
— A Petrobras tem condições de reduzir o preço dos derivados, como gasolina e GLP (gás liquefeito de petróleo). E não é com subsídio. Isso poderia ser feito apenas com redução na margem de lucro, mantendo a geração de caixa para investimentos — opina o sindicalista.