A greve dos caminhoneiros, que chega ao 10º dia nesta quarta-feira (30), é apoiada por 87% dos brasileiros, aponta pesquisa do Datafolha divulgada pela Folha de S.Paulo. São contrários 10%, enquanto 2% se dizem indiferentes e 1% não soube opinar. Por outro lado, o número de pessoas que acha que a paralisação deve seguir é menor: 56%. Outros 42% são a favor do fim da greve.
O levantamento foi feito por telefone com 1,5 mil pessoas na terça-feira (29). A margem de erro é de três pontos para mais ou para menos.
Apesar dos sinais de arrefecimento da paralisação dos caminhoneiros e dos bloqueios de rodovias pelo país, o Sul ainda é uma região de efervescência. GaúchaZH mostrou que o movimento já não é liderado por profissionais da boleia. Ruralistas, empresários e comerciantes se juntaram aos atos, agregando pautas diversas, e tentam manter a centelha acesa.
Sobre as reivindicações dos caminhoneiros, que de início tinham foco no preço do diesel, 92% dos entrevistados pelo Datafolha disseram considerar justas.
Para 50% das pessoas, os caminhoneiros são mais beneficiados do que prejudicados pela greve. Os donos de transportadoras, apontados pelo governo como estimuladores dos protestos, têm mais prejuízos, na visão de 60% dos participantes da pesquisa.
Já 43% dos cidadãos se veem mais prejudicados, enquanto 33% se acham mais beneficiados pessoalmente. Acreditam que o "brasileiro em geral" é mais prejudicado 56% dos ouvidos.
A pesquisa indicou, ainda, que o brasileiro não concorda em ser penalizado com aumento de impostos e corte de gastos federais para atender às reivindicações dos caminhoneiros: apenas 10% dos entrevistados aprovam tais medidas. São contrários 87%.
A condução da negociação pelo governo federal com a categoria é aprovada somente por 6% dos ouvidos, contra 77% que a desaprovam. Para 16%, o processo foi regular e 2% disseram não saber avaliar. Para 96%, o presidente Michel Temer (MDB) demorou para negociar, contra 3% que acham que ele o fez no momento certo.
Quando questionados acerca da responsabilidade pelo movimento, a maior parte dos entrevistados (42%) apontou para os motoristas autônomos de caminhão. Já 31% concordaram com a tese do governo federal de que as empresas transportadoras são as responsáveis. Uma minoria de 7% crê em autoria compartilhada do movimento e 5% aderem à ideia de que o próprio presidente e políticos são responsáveis pela paralisação.
Caso o movimento não acabe, apesar do acordo fechado pelo governo, 88% defendem a continuidade das negociações e 9%, usar Forças Armadas e polícias.
Impactos na vida do cidadão
A alta taxa de apoio à manifestação dos caminhoneiros pode estar associada ao impacto relativamente baixo que ela teve até aqui no cotidiano dos entrevistados pelo Datafolha. Entre os ouvidos, 51% relataram ter deixado de fazer algumas das atividades apresentadas na pesquisa, contra 49% que mantiveram a rotina.
O número acompanha a proporção daqueles que disseram ter tido problemas para abastecer o automóvel: 53% ao todo, com 37% relatando ter tido muita dificuldade.
Já o desabastecimento de alimentos ainda não foi percebido. Apenas um quarto dos entrevistados disse ter tido dificuldade para comprar comida.
Deixaram de ir ao trabalho 15% dos entrevistados, contra 73% que mantiveram a assiduidade. Já a visita ao médico só foi evitada por 13%, enquanto 83% a mantiveram. À escola, foram 69% dos alunos, com 19% preferindo ficar em casa. Atividades de lazer tampouco foram prejudicadas, sendo mantidas por 73% das pessoas.
Viagens também não foram afetadas. Dos entrevistados, 26% relataram cancelamentos e 28% disseram que não irão viajar no feriado de Corpus Christi, nesta quinta-feira (31). Já 67% seguiram com seus planos anteriores e 61% aproveitarão a folga.