O governo federal afirmou, nesta quarta-feira (30), que conseguiu garantir a retomada de 53% do abastecimento de combustíveis no país. Após reunião do comitê de crise instalado no Palácio do Planalto, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Sergio Etchegoyen, disse que a situação "caminha para a normalização", mas reiterou que a ação de infiltrados nos pontos de concentração tem impedido que parte dos caminhoneiros retomem suas atividades.
— Temos uma carona neste movimento de aproveitadores que estão ultrapassando todos os limites. Faço um apelo para que os caminhoneiros não se deixem intimidar. Eles estarão sempre protegidos pelas forças de segurança ou forças federais — argumentou.
Etchegoyen também garantiu que "já foi sanada" a logística de medicamentos destinados à prestação de serviços de urgência e emergência.
Segundo ele, os efetivos de segurança poderão ser deslocados para escolta de alimentos e produtos para a produção agrícola, por exemplo, assim que a situação dos combustíveis estiver normalizada.
Além de tentar identificar os infiltrados em protestos, o governo quer responsabilizar empresários que, segundo investigação da Polícia Federal (PF), teriam tomado a iniciativa de paralisar suas frotas, o que configura o chamado locaute.
Segundo o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, foram abertos 52 inquéritos para investigar crimes cometidos durante a greve. Ele afirmou que empresários já prestaram depoimentos, e a PF encaminhou à Justiça pedidos de prisão e de busca e apreensão.
Jungmann também anunciou que o governo editará uma medida provisória para permitir que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) "compre" o período de folga dos agentes. Desta forma, aqueles que quiserem trabalhar em períodos de folga poderão se somar às equipes de plantão. A expectativa do governo é garantir um reforço de 2 mil agentes, em um efetivo que é de 10 mil homens e mulheres.
A operação sobre a greve também envolve 20 mil militares das Forças Armadas, além de agentes da Força Nacional de Segurança e as polícias dos estados.
Além da mobilização de caminhoneiros, o Planalto está preocupado com a possível paralisação de petroleiros. Presente na entrevista, a advogada-geral da União, Grace Mendonça, lembrou que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) viu "caráter abusivo" na greve e concedeu uma liminar que impõe multa de R$ 500 mil por dia aos sindicatos. A AGU pedirá que o valor seja ampliado para R$ 5 milhões.