Propriedades rurais da zona sul do Estado esperavam por chuva para amenizar os prejuízos causados pela estiagem. Na terça-feira (27) ela veio, mas na forma de granizo em municípios que já estavam em situação de emergência por conta da falta de chuva. É o caso de São Lourenço do Sul, Canguçu, Chuvisca e Amaral Ferrador.
Ontem, as prefeituras ainda estavam fazendo os levantamentos, mas adiantam que as áreas rurais são as mais castigadas. Até as 16h, o número de casas destelhadas beirava mil, mas com possibilidade de subir, pois as equipes não haviam chegado a regiões mais distantes. Desse número atual, 500 destelhamentos ocorreram em São Lourenço do Sul, atingindo mais de um quarto da população de 7,8 mil habitantes.
— Telhados foram arrancados, automóveis foram danificados até dentro das garagens e os que ficaram na rua foram amassados e tiveram vidros quebrados. Algumas aves domésticas morreram. Mas, o pior está nas lavouras: fumo, milho, soja e hortifrútis destruídas. Onde o granizo caiu, simplesmente destruiu tudo. 100% de perda — resume o coordenador municipal da Defesa Civil, coronel Valdoir Ribeiro, ao falar dos prejuízos causados pelos cerca 30 minutos de granizo.
O produtor Denis Peglow, 35 anos, que tem propriedade na localidade de Santa Augusta, em São Lourenço do Sul, teve suas plantações de fumo e soja danificadas pelas pedras de gelo. Segundo Peglow, a perda em suas plantações foi praticamente total.
— O granizo danificou toda a plantação de fumo, cerca de quatro hectares. Já tinha perdido boa parte da plantação de soja por causa da seca, e o pouco que ficou foi danificado pelo granizo — lamentou o agricultor.
No município vizinho de Canguçu, a situação foi bem parecida. Pelo menos 197 casas foram destelhadas, mas o maior prejuízo está no campo.
— Onde pegou a faixa de granizo, foi feia a coisa — afirma o prefeito Vinícius Pegoraro (PMDB), que distribuiu 6 mil metros quadrados de lona nesta quarta-feira.
Na pequena Chuvisca, o estrago também foi grande. A estimativa é de que mais de 200 imóveis, incluindo galpões com produtos prontos para venda, tenham sido danificados. Aulas foram suspensas pela manhã e estradas continuavam bloqueadas, no final da tarde de quarta-feira, devido à queda de árvores e a restos de madeira.
— Hoje, encaminhamos o restante da documentação (do decreto de situação de emergência pela estiagem) e agora aconteceu isso. O prejuízo é enorme — calcula o prefeito Joel Santos Subda (PMDB).
O município de Amaral Ferrador, além de prejuízos materiais individuais e de estradas bloqueadas, permanecia sem energia elétrica na tarde de quarta-feira. Há relatos de estragos, ainda, em Eldorado do Sul, Mariana Pimentel, Pelotas, Guaíba, Piratini e Morro Redondo. No entanto, conforme a Defesa Civil, em outras áreas o maior vilão teria sido vendaval ou chuva forte, sem granizo.
Na região da Campanha, também castigada pela estiagem, o vento soprou forte por volta das 15h e a chuva chegou logo em seguida, mas também não houve queda de granizo. Conforme o coordenador regional da Defesa Civil, major Rinaldo Castro, foram registrados em torno de 25 milímetros de chuva em Bagé.
— Não temos relatos de danos. Ainda bem que veio essa chuva, mas ainda precisa muito mais para recuperarmos o prejuízo — avalia Castro.