O fim da construção da plataforma P-74 da Petrobras pode provocar a demissão de 3 mil trabalhadores em São José do Norte. O setor naval está em alerta no sul do Estado já que não há previsão de novas obras para os estaleiros.
O processo de saída da primeira plataforma de petróleo encomendada pela Petrobras ao estaleiro EBR iniciou às 5h desta sexta-feira (23). A estrutura de 332 metros de comprimento, 58 metros de largura e 50 metros de altura fará uma viagem de 20 dias até o litoral de São Paulo, na Bacia de Santos, onde vai produzir petróleo e gás natural. A saída da embarcação se estendeu por toda a manhã.
A P-74 é a quinta plataforma da Petrobras feita no Rio Grande do Sul. Em 2013, o setor naval empregava 24 mil trabalhadores no sul do Estado e a construção da própria P-74 chegou a empregar 3,4 mil metalúrgicos. As mudanças nos estaleiros da região aconteceram depois de denúncias de corrupção investigadas na Operação Lava-Jato e da crise na Petrobras.
A prefeita de São José do Norte, Fabiany Zogbi Roig, espera por novas obras no setor naval no segundo semestre:
- A P-74 trouxe incremento gigantesco na arrecadação do município, na geração de empregos e aqueceu nossa economia. Agora temos a preocupação porque não vai acontecer a substituição por outra (obra) imediatamente. As perspectivas de novas obras são para o segundo semestre. Sabemos que o EBR está em negociações – afirma.
Segundo a prefeita, o município aposta agora na divulgação turística e busca e acelerar processos de licenciamento de alguns empreendimentos junto a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), como parques eólicos, que melhorariam a receita de São José do Norte.
O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Sadi Machado, fala em falta de perspectiva para o setor e enquanto celebra o trabalho concluído, lamenta pelos trabalhadores:
- Estamos felizes pela conclusão de um trabalho que sai daqui com 99% do seu funcionamento, mas hoje estamos vendo tudo com muita tristeza pelo desemprego e o aumento da incerteza. No momento não temos expectativas. Só vemos o sucateamento nos estaleiros. A esperança existe, mas até acontecer algo, os trabalhadores vão ter que se adequar em uma nova profissão - afirma.
O fato de 2018 ser um ano eleitoral carrega ainda mais as incertezas, segundo Machado, que complementa relatando que as aberturas de envelopes não devem acontecer mais depois de maio. O Sindicato montou uma estratégia de acompanhamento dos metalúrgicos para a realização das rescisões contratuais.