No dia em que estava marcado o início das obras do Estaleiro Brasil (EBR), em São José do Norte, no sul do Estado, houve um anúncio ainda mais importante: a P-74, primeira plataforma fora de Rio Grande, começa a ser montada em dezembro.
Quando estiver pronta vai operar em uma área da camada pré-sal que se tornou conhecida por uma polêmica: a que foi cedida pela União em troca do aumento de participação na Petrobras, na operação chamada de cessão onerosa.
O casco da petrolífera orçada em R$ 1,7 bilhão deverá chegar em fevereiro de 2015, quando cerca de 4 mil pessoas estarão atuando no local.
Partiu de Augusto Mendonça, conselheiro da EBR, a informação da construção mesmo que o estaleiro ainda não esteja pronto. De acordo com o gerente da construção da P-74, o engenheiro José Paulo Ribeiro, da Petrobras, os módulos começarão a ser produzidos antes do final do ano. Para isso, cerca de 1 mil trabalhadores já deverão ter sido contratados. A prioridade aos novos profissionais será dada aos que já atuam no setor em outros estaleiros e outras obras em Rio Grande. De acordo com o prefeito de São José do Norte, Zeny Oliveira, pesquisas apontam que haja 3 mil nortenses trabalhando na cidade vizinha em diversas áreas. Só no polo naval, o número passa de 1 mil.
- Vai ser uma época boa, que coincidirá com a conclusão das plataformas e desmobilizações. Isso vai ajudar a impedir outros transtornos, como desempregos - afirmou o presidente do EBR, Alberto Padilla.
Ainda sem números específicos já que sequer acabaram as obras das plataformas de Rio Grande e ainda não há previsão para início de processos de contratações em São José do Norte, a expectativa é aproveitar o máximo de mão-de-obra local. O alto número de trabalhadores será necessário para cumprir o cronograma da P-74, cuja construção deverá ser entregue em 2015. Atualmente, cerca de 300 profissionais atuam no estaleiro.
Para conseguir adequar a necessidade do estaleiro à capacidade da cidade, uma série de medidas deverá ser tomada. Quatro pontos são elencados como os principais desafios para a cidade de 25 mil habitantes: logística, travessia para Rio Grande, moradia e saúde.
No primeiro item, a extensão da rodovia São José do Norte-Mostardas (BR-101) até o estaleiro é vista como prioridade. A obra é uma contrapartida do estaleiro e visa desafogar o trânsito e desviá-lo do centro histórico da cidade de 181 anos.
A travessia para Rio Grande é o grande desafio. Em entrevista pouco antes da cerimônia de começo das obras do estaleiro, o governador Tarso Genro não garantiu qualquer mudança nem nos serviços de balsa e lancha oferecidos atualmente nem para futura ligação a seco entre os dois municípios. Ele classificou como "sondagens" e "especulação" as notícias sobre o interesse de empresas em construir um túnel ou uma ponte entre as duas cidades.
O item que mais preocupa a administração do estaleiro é justamente o relativo às habitações. Padilla afirmou que a a construção de novas moradias não está acompanhando a velocidade das obras do estaleiro e que a cidade poderá viver um gargalo nos próximos meses. Segundo Zeny Oliveira, o assunto é tratado como prioridade.
Já a saúde ganhou fôlego extra nesta sexta-feira. O secretário da pasta, Ciro Simoni, garantiu o repasse emergenciais de R$ 2,6 milhões para obras na infraestrutura do hospital São Francisco. Até 2014, o Estado deverá investir cerca de R$ 6 milhões na estrutura de saúde do município.
- Este é um bom problema. Ruim era ficar estagnado, como nas últimas décadas. A região sul do não é mais o patinho feio do Estado - disse o governador.
Polo naval
Obras da P-74 começarão em dezembro em São José do Norte
EBR priorizará contratações de trabalhadores que já atuem no setor em Rio Grande
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