Grupos de origem africana promoveram um ato contra a intolerância religiosa na manhã deste domingo (1º), no Parque da Redenção, em Porto Alegre. Segundo os organizadores, os cultos têm sofrido discriminação e ataques a sua liberdade de crença.
— É uma onda que está crescendo. Vemos casas invadidas, crianças perseguidas nas escolas e pais e mães de santo atacados nas universidades. Conclamamos a opinião pública a olhar para os povos de matriz africana. Já passou da intolerância. Hoje, assistimos a um terrorismo — disse pai Marcelo de Ogum, um dos idealizador.
Entre os episódios de violência citados pelo grupo, estão os recentes ataques ocorridos a terreiros de umbanda e candomblé no Rio de Janeiro. Há a suspeita de que traficantes estejam por trás das depredações.
Pai Marcelo de Ogum também demonstrou preocupação com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta semana, que permitiu escolas públicas a promoverem uma crença específica nas aulas de religião:
— A imensa maioria dos professores são evangélicos e cristãos. Cadê a laicidade do Estado?
A manifestação reuniu integrantes de religiões africanas de diferentes regiões do Rio Grande do Sul. Segundo a organização, mil pessoas estavam no ato. Informalmente, a Brigada Militar (BM) citou que o público era de 500 pessoas.
Também idealizador da manifestação, pai Tiago de Bará pediu o fim da "intolerância e do racismo institucionalizado":
— Acreditamos ser possível que todas as religiões caminhem juntas, cada uma ao seu modo, com respeito — acrescentou.
Após discursos proferidos em um carro de som, o grupo realizou uma caminhada na Redenção.