Paralelamente ao desfile cívico de 7 de Setembro, movimentos sociais e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizaram, nesta quinta-feira (7), o 23º Grito dos Excluídos. Em Porto Alegre, os manifestantes se concentraram na Rótula das Cuias.
Com discursos recheados de críticas aos governos Temer, Sartori e Marchezan, representantes de movimentos de negros, indígenas, catadores, população de rua, mulheres, jovens, trabalhadores, sem-terra e políticos de esquerda manifestaram indignação contra o que chamam de "corte de direitos".
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— O Grito dos Excluídos é fundamental para mostrar ao Brasil que a população está indignada com tudo o que está acontecendo. Seja a corrupção, seja a falta de investimento na saúde, na educação, na segurança, no emprego, na distribuição de renda. Esse Brasil tem que acordar — afirmou o senador Paulo Paim (PT).
O petista, que já foi autor dos estatutos do Idoso e da Pessoa com Deficiência, chamou a atenção, ainda, para a sua proposta de criar um Estatuto do Trabalho, que está sendo discutida em uma subcomissão da Comissão de Direitos Humanos (CDH). Para reforçar o projeto, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) estava recolhendo assinaturas, durante o protesto, com objetivo de anular a reforma trabalhista sancionada pelo presidente Michel Temer em julho.
Muitos dos manifestantes usavam adesivos com "Volta Dilma" e seguravam cartazes contra a reforma da previdência e trabalhista, mas também pediam direitos fundamentais, como terra para morar, permissão para trabalhar como catador, igualdade racial e de gênero, entre outros.
Jane Dinarte, guarani de 20 anos que mora na comunidade do Cantagalo, em Viamão, por exemplo, pediu que os direitos dos indígenas também sejam respeitados:
— Nós temos nosso direito de ser reconhecido por todos. E nós estamos lutando para que nosso futuro seja melhor.
Neste ano, o lema do Grito dos Excluídos foi "Por direitos e democracia, a luta é todo dia".
Em Porto Alegre, estava prevista também uma marcha, mas os manifestantes alegaram que não receberam permissão para caminhar em direção ao desfile cívico — na Avenida Beira-Rio — e cancelaram a segunda etapa.
Há 23 anos, movimentos sociais organizam o ato no dia 7 de setembro. A manifestação também ocorreu em outras capitais do país, como Brasília, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro.