A Operação Moeda Verde foi deflagrada pela Polícia Federal em Florianópolis no dia 3 de maio de 2007. A cidade acordou com a notícia de que 22 pessoas entre políticos, funcionários públicos e empresários notáveis haviam sido presas temporariamente. As investigações da PF, que começaram em 2006, apontaram um esquema de venda de licenças ambientais para a realização de empreendimentos imobiliários em áreas de preservação em Jurerê Internacional.
Entregue à Justiça em dezembro de 2014, oito anos após a investigação ser deflagrada pela PF, a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) tinha 132 páginas. Nelas, os procuradores João Marques Brandão Neto e Eduardo Barragan Serôa da Motta concluíram que haveria uma quadrilha na Capital liderada pelo empresário Péricles de Freitas Druck, da Habitasul, e que dela fariam parte empregados da empresa e servidores públicos num esquema de corrupção para invasões e ocupações de áreas públicas.
Com base em documentos, e-mails e interceptações da PF, os procuradores relataram que o grupo se destinava a praticar crimes contra o meio ambiente, o patrimônio público (especialmente com a grilagem de terras públicas) e a administração pública.
De acordo com a denúncia, a Habitasul tinha uma rede de contatos que conseguia liberações em Jurerê Internacional. Essas pessoas eram na época servidores em órgãos como Fundação do Meio Ambiente (Floram) e Secretaria de Urbanismo e Serviços Públicos (Susp).
As autorizações ilegais para os empreendimentos, conforme assinalou o MPF, seriam dadas por meio de suborno, e os servidores públicos receberiam diárias em hotéis da Habitasul, dinheiro disfarçado de contribuição para fins eleitorais e outros benefícios indiretos.
"Os empregados/diretores Fernando Tadeu Soledade Habckost, Leandro Schoenninger, Hélio Scheffel Chevarria, Andrea Druck e Carlos Berenhauser Leite executavam as ações da quadrilha que agia como organização criminosa autorizando diárias nos hotéis do grupo Habitasul", escrevem os procuradores, apontando que os "tentáculos de Péricles Druck na prefeitura e Floram eram Rubens Bazzo, José Rodrigues da Rocha (absolvido na sentença), Juarez Silveira (era vereador), Renato Joceli de Sousa e Marcelo Vieira Nascimento".
A denúncia da Operação Moeda Verde atinge basicamente empreendimentos de Jurerê Internacional. No entendimento do Ministério Público Federal, licenças foram obtidas mediante suborno, e os bens construídos em áreas de preservação permanente seriam produtos de crime.
Por isso, ao final do documento, o MPF requereu à Justiça Federal a demolição e a recuperação da área degradada do Il Campanario, KM 7 (absolvido), El Divino/Donna, Taikô (hoje La Serena), Café de La Musique, Simple on The Beach (hoje 300 Cosmo) e Pirata (hoje Acqua Plage). Os procuradores pedem ainda que os donos dos empreendimentos se abstenham imediatamente de qualquer ação de modificação desses terrenos.
Ao longo da denúncia, o Ministério fez uma narrativa sobre a investigação policial e o longo tempo em que o inquérito tramitou na Justiça (principalmente no Tribunal Regional Federal da 4ª Região em Porto Alegre) até a definição da competência de julgamento.