Em mais um sinal de desembarque do governo de Michel Temer (PMDB), o senador Renan Calheiros, líder do PMDB no Senado, deve participar, nesta quarta-feira, de ato das centrais sindicais em Brasília. As entidades preparam marcha contra as reformas propostas por Temer e também para pressionar pela renúncia do presidente da República.
Os líderes dos principais sindicatos do país reuniram-se com Renan no gabinete da liderança do PMDB do Senado na tarde desta terça-feira. Na reunião, o senador se comprometeu a discursar no Parque da Cidade, ao lado da Torre de TV, onde estará concentrada a Força Sindical, comandada pelo deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, do Solidariedade. O ato deve ocorrer por volta das 10h e é mais um ingrediente na crise política enfrentada por Temer e sua equipe.
As demais organizações, como Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), irão se concentrar nas proximidades, junto ao estádio Mané Garrincha. Mesmo entre elas, o apoio de Renan é avaliado como positivo, apesar das controvérsias em torno do senador – ele apoiou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e é investigado em pelo menos 12 inquéritos no Supremo Tribunal Federal, a maior parte deles relacionada à Operação Lava-Jato.
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O presidente da CTB no Estado, Guiomar Vidor, participou da reunião. Segundo ele, a adesão de Renan não é motivo de constrangimento e o convite partiu de todos os presentes.
– Para nós, não importa o pelo do gato. O que importa é que cace o rato. Estamos buscando aliados no Senado para tentar barrar a reforma trabalhista. Convidamos, sim, não só o Renan, mas também a senadora Kátia Abreu (que também é do PMDB de Temer e amiga pessoal de Dilma) e todos os demais senadores e deputados que quiserem aderir à causa – diz Vidor.
A expectativa dos organizadores é reunir mais de 100 mil pessoas em frente ao Congresso Nacional. Só do Rio Grande do Sul, conforme Vidor, mais de 40 ônibus estão se deslocando para Brasília. A intenção é sair em caminhada dos dois pontos de concentração, por volta do meio-dia, para um grande ato em frente ao Congresso.
– Não nos resta alternativa a não ser o corpo a corpo, o debate sério e o enfrentamento diante dessas ameaças. Não podemos permitir que os direitos trabalhistas e a aposentadoria dos brasileiros sejam extintos – declarou o presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Neto.
No mesmo dia, também está previsto um ato na Esquina Democrática, no centro de Porto Alegre, a partir das 17h.