Analista de segurança da Kaspersky Lab no Brasil, Fabio Assolini recomenda que pessoas e empresas façam o mais rápido possível a atualização do Windows para evitar problemas em seus computadores.
Nesta sexta-feira, sistemas de comunicação públicos e privados foram alvo de um mega ataque virtual em pelo menos 74 países, incluindo o Brasil. Nos computadores infectados, os criminosos exigiram pagamento em bitcoins (moedas virtuais) para reativar os sistemas. Esse tipo de ataque é chamado de ransomware.
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A Kaspersky Lab é uma empresa global de segurança cibernética fundada em 1997. Mais de 400 milhões de usuários são protegidos pelas tecnologias da empresa.
A seguir, leia os principais trechos da entrevista:
Já é possível avaliar a dimensão do ataque?
Ainda não, porque é tudo muito novo. Mas os dados preliminares mostram que o ataque teve um alcance global, de grande impacto. Se nada for feito pelas empresas e governos, os prejuízos podem ser ainda maiores. Para se ter uma ideia, detectamos 45 mil ameaças em 74 países só pela manhã, e com certeza esse número aumentou, inclusive pela característica de rápida disseminação.
E no Brasil, qual foi o alcance?
Também houve empresas vítimas no Brasil, mas não conseguimos precisar número total ainda. Pela manhã, foram 15 ataques.
Esse tipo de ação é comum?
O ransomware é comum. Não é uma ameaça nova. Existe desde 1989. O primeiro foi registrado em computadores que rodavam DOS. É uma praga antiga.
E no que esse ataque se difere de outros?
Nos últimos anos, tivemos um revival do ransomware, porque os criminosos se deram conta de que se tornou muito vantajoso a partir do surgimento dos bitcoins (moedas virtuais). O pagamento torna impossível saber quem vai receber o dinheiro, porque é uma moeda anônima. Isso é muito seguro para o criminoso, e houve um boom dos casos de ransomware. Até ontem, eles usavam as táticas mais tradicionais: agiam via e-mail, enviando arquivos maliciosos. Hoje, os criminosos inovaram no seguinte sentido: estão usando uma vulnerabilidade do Windows para disseminar o vírus na rede. Se ele se instala em um único computador que está ligado a outros cem em uma rede, ele consegue se disseminar de forma silenciosa.
O que as pessoas devem fazer para se proteger?
O ransomware está usando uma vulnerabilidade de rede do Windows que foi corrigida pela empresa em março. A primeira coisa a ser feita, portanto, é atualizar o Windows, mas o diabo mora nos detalhes. Muitas pessoas não instalam as atualizações do Windows porque têm programa pirata ou por achar que o computador vai ficar lento. As empresas, muitas vezes, não adotam imediatamente uma atualização, porque primeiro querem testar. A questão é que essa janela de oportunidade está sendo usada para infectar as empresas. Recomendamos que elas instalem a atualização MS17010. Para o usuário doméstico, basta abrir o Windows Update e botar para buscar as atualizações. Se ele apontar 50 atualizações necessárias, instale o que estiver pendente. Ao fazer isso, você estará protegido. Além disso, é importante ter um bom antivírus instalado.