Foi com foco nas consequências para o atual governo brasileiro que a imprensa internacional repercutiu a divulgação da lista de Fachin, na qual o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator da Operação Lava-Jato autorizou a abertura de inquéritos envolvendo 108 nomes, entre eles oito ministros de Michel Temer, três governadores em exercício, 24 senadores e 39 deputados federais.
Desde o dia 11 de abril, – dia da divulgação da lista –, o tema ganhou destaque nos principais jornais do mundo, que passaram a analisar os efeitos políticos e econômicos do caso. O jornal Washington Post afirmou que a elite governamental do país entrou em crise, e que a situação ameaça "descarrilar a recuperação econômica do país". Já o The New York Times apontou que diversos ministros foram indiciados, o que representou um novo "golpe ao governo sitiado do presidente Michel Temer".
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O jornal destacou, ainda, que "governar sob uma nuvem de investigações" não é novidade para Temer, cujo governo tem "passado de escândalo para escândalo", acumulando uma baixa aprovação desde que assumiu o poder.
No mesmo tom, o periódico espanhol El País apontou que a divulgação dos inquéritos agravou a crise política do Brasil, que já vive uma situação complicada. O texto lembrou que, em apenas nove meses no cargo, Temer já perdeu sete ministros, "na maioria dos casos relacionados a casos de corrupção". O jornal espanhol ainda destacou as repercussões das delações para outros países, como é o caso do México. Em uma das delações divulgadas na última semana, um executivo da Odebrecht indicou contratos irregulares com Emilio Lozoya, político mexicano e um dos homens mais próximos ao atual presidente do país, Enrique Peña Nieto.
O impacto da lista de Fachin sobre a moeda brasileira foi destacado pelo jornal econômico americano The Financial Times. De acordo com a publicação, o real registrou queda diante o dólar após a decisão do STF.
As movimentações dos políticos depois da divulgação da lista também foram destacadas. No argentino Clarín, os indícios de que Michel Temer e os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva estariam se aproximando para "evitar a destruição da classe política brasileira" foi tema de uma das matérias sobre o assunto.
Já o alemão Deutsche Welle destacou que o escândalo atingiu também o mundo do esporte. A publicação apontou que os depoimentos dos executivos da Odebrecht, divulgados na última semana, revelaram que houve irregularidades financeiras em pelo menos seis dos estádios utilizados durante a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.