O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, desfechou petardos verbais hoje contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e contra críticas jornalísticas feitas ao vazamento de dados sobre a Operação Lava-Jato. Em evento de balanço das eleições de 2016 que reuniu integrantes do Ministério Público Federal (MPF) em Brasília, Janot desabafou, em discurso que já estava escrito e foi lido em plenário.
– É mentira que demos coletiva em off para vazar nomes deinvestigados pela Lava-Jato. Isso foi divulgado irresponsavelmente por um meio de comunicação e repercutido por gente que sofre de desinteria verbal, por mentes ociosas e dadas a devaneios – disse Janot.
Mesmo sem mencionar nomes, o recado do procurador-geral tinha alvo certo, como ele confidenciou a colaboradores: Gilmar Mendes, que na terça-feira responsabilizou a PGR por divulgar nomes de políticos que terão abertura de inquérito solicitada ao STF. Mendes se embasou em coluna da ombudsman da Folha de São Paulo, que disse que a PGR divulgou esses nomes numa entrevista coletiva "off the record" (sigilosa).
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A PGR deve investigar cerca de 100 políticos com foro especial (que ocupam cargos eletivos) e remeterá a procuradores regionais e da República (do MPF) outros 211 pedidos envolvendo políticos que já não possuem função eletiva. É provável que a lista seja liberada esta semana, mas alguns dos nomes já são conhecidos. Janot nega que os tenha divulgado.
Janot disse que refutou pessoalmente ao jornal a imputação dessa coletiva "em off" e ressaltou que repudia "a relação promíscua com a imprensa".
Sobre as críticas que a PGR sofreu, Janot as atribui a "homens dispostos a sacrificar seus compromissos éticos no altar da vaidade desmedida e da ambição sem freios".
– No fundo são apenas difamadores. Como disse Montesquieu, o homem público deve buscar sempre a aprovação, nunca o aplauso – concluiu Janot.