O ex-superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná Daniel Gonçalves Filho, apontado como líder da organização criminosa investigada na Operação Carne Fraca, aparece em gravação afirmando que sofreu pressão do atual ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB), para beneficiar grupo empresarial em Umuarama, no Paraná, base eleitoral do político. Conforme informações do blog do jornalista Josias de Souza, do portal UOL, em outro áudio, Serraglio confirma a ação. As gravações são de 2013, quando o peemedebista era deputado federal pelo Paraná.
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O ministro teria defendido os interesses do grupo Averama, que tem como representante Célio Batista Martins Filho, em uma batalha judicial com a BR Frango, do empresário Reinaldo Gomes de Morais, para garantir a titularidade do Serviço de Inspeção Federal (SIF) na cidade. Morais gravou ligação com Daniel Gonçalves, onde o então superintendente reconhece a BR Frango como detentora do SIF. O ex-servidor do Ministério da Agricultura também afirma que Serraglio estaria do lado "Celinho", se referindo ao executivo da Averama.
Não conformado com a resposta de Daniel Gonçalves, o dono da BR Frango marcou encontro com Serraglio e também gravou a conversa com um aparelho oculto. Na conversa, o ministro afirma "ter que proteger uma firma que é lá de Umuarama, que estaria sendo vítima de estelionato" e pediu que Reinaldo se entendesse com o grupo rival.
Segundo a publicação, a Averama perdeu a disputa pelo SIF na ocasião. Neste ano, após a Polícia Federal (PF) deflagrar a Operação Carne Fraca, um áudio captado pela PF mostra Serraglio referindo-se a Daniel Gonçalves como "o grande chefe".
O dono da BR Frango entrou com queixa criminal na Justiça. O caso foi encaminhado ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, responsável por pedir investigações no STF contra o então deputado Osmar Serraglio. Janot pediu explicações ao peemedebista, encaminhou o caso à procuradoria em Curitiba e mandou arquivar a denúncia, que poderia ser reaberta caso surgissem novas provas, segundo o blog.
Procurado pela reportagem, o ministro da Justiça, por meio de assessoria, repassou sua defesa no caso. No documento, Serraglio admitiu à Justiça que defendeu o grupo Averama e afirmou que Reinaldo estava praticando estelionato contra instituições bancárias, "dando golpe em dinheiro público".