Afastado do mandato pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) colocará em ação um plano para tentar evitar a sua cassação no próximo dia 12 de setembro, quando o plenário da Casa irá analisar se ele quebrou o decoro parlamentar.
Uma das iniciativas do peemedebista será enviar uma carta aos deputados federais pedindo que prestem atenção em seus argumentos de defesa e os levem em consideração na hora de votar. O próprio Cunha redigiu a carta, que será enviada a todos os parlamentares, exceto aqueles que são frontalmente oposicionistas.
– Ele está por enviar, talvez alguém já tenha recebido. Vai solicitar que observem os argumentos dele. Vai dizer que nunca mentiu porque não tinha contas no Exterior, mas um truste – afirma o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), um dos principais defensores de Cunha.
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A segunda medida do ex-presidente da Câmara será o lançamento de um site em que disponibilizará, na tentativa de gerar convencimento, documentos que embasam a sua estratégia de defesa.
– Deve lançar o site até amanhã (quarta-feira) – indica Marun.
Cunha também tentará emplacar o discurso de que o STF deveria lhe devolver o mandato para que possa fazer sua plena defesa no plenário da Câmara. Ele procura viabilizar este cenário com um recurso na máxima Corte do país.
As ações do ex-presidente da Câmara coincidem com os derradeiros atos do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado. Ao aceitar a denúncia em 2 de dezembro de 2015, o peemedebista foi peça fundamental para a iminente queda do governo do PT.
Votação sobre cassação ocorre em setembro
A sessão que irá analisar a cassação de Cunha está marcada para 12 de setembro. Para lhe retirar o mandato, são necessários os votos de 257 dos 513 deputados.
O processo teve origem no Conselho de Ética, a partir de uma representação que pede a cassação do peemedebista por quebra de decoro parlamentar. Ele é acusado de mentir na CPI da Petrobras, onde disse que não tinha contas no Exterior. Mais tarde, a Operação Lava-Jato apurou a existência de fundos secretos na Suíça que têm Cunha e seus familiares como beneficiários.
No STF, ele é réu em duas ações pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. A Procuradoria-Geral da República (PGR) o acusa de ter recebido propina de esquemas na Petrobras. Em um deles, teria sido agraciado com US$ 5 milhões desviados por contratos de navios-sonda da Petrobras. A esposa de Cunha, Cláudia Cruz, também é ré, mas responde em primeira instância, perante o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba.