A forte chuva de granizo que atingiu vários pontos do Rio Grande do Sul entre a noite de quarta-feira e a manhã desta quinta-feira danificou 2.563 imóveis. Viamão, na região metropolitana da Capital, foi o município que registrou mais estragos. Cerca de 1,5 mil casas foram danificadas. No Vale do Sinos, São Leopoldo e Novo Hamburgo – onde os prefeitos decretaram situação de emergência – somaram 700 residências afetadas.
Leia mais
Rio Grande do Sul pode ter mais queda de granizo nos próximos dias
Inmet mantém alerta para temporal e chuva de granizo na Serra
"Fiquei apavorado", diz motorista que filmou BR-116 tomada por gelo
A tempestade, que atingiu municípios nas regiões Norte, Nordeste e Metropolitana e nos Vales do Taquari, do Rio Pardo e do Paranhana, foi a segunda precipitação de granizo no Estado na semana – cidades do Norte já haviam sido castigados pelo fenômeno entre a noite de domingo e a madrugada de segunda-feira.
Ainda na noite de quarta-feira, no município de Não-Me-Toque, no Norte, uma camada de 50 centímetros de gelo se acumulou em algumas ruas e árvores caíram na ERS-142, entre Carazinho e a cidade. De acordo com a prefeita, Teodora Lutkmeyer, a chuva de cerca de 10 minutos destelhou diversas casas.
– A chuva foi forte e o granizo era bem grande. Os bueiros ficaram obstruídos e gelo se espalhou pelas vias – relatou Teodora.
Conforme Ivan Machry, coordenador da Defesa Civil do município, o último levantamento realizado pelo órgão, no fim desta tarde, contabilizava cerca de 40 casas danificadas pela forte chuva de granizo na noite anterior.
– Por volta das 15h ainda havia pedras de gelo em algumas localidades da cidade – afirmou.
Outros estragos vieram de calhas, que não suportaram o volume de gelo e cederam, causando alagamento no interior dos prédios, inclusive de escolas. Não houve feridos.
Por volta das 10h, a tempestade se abateu sobre Novo Hamburgo, um dos municípios mais atingidos. Segundo a Defesa Civil do Estado, 400 casas sofreram os impactos do evento climático, prejudicando cerca de 2 mil moradores. Os bairros Santo Afonso, Liberdade, Industrial, Ideal, Ouro Branco, Boa Saúde e Primavera foram os prejudicados. O granizo que caiu por cerca de cinco minutos seguidos também deixou prejuízos em veículos, que tiveram a lataria amassada e para-brisas trincados, e dificultou o tráfego na BR-116, em razão do gelo concentrado sobre a pista. Conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a situação já está normalizada e não foram registradas ocorrências de acidentes. Em São Leopoldo, outras 300 residências sofreram estragos.
Em Igrejinha, no Vale do Paranhana, 100 casas foram afetadas pela queda de granizo que começou por volta das 6h e durou quase 15 minutos. Conforme a coordenadora da Defesa Civil no município, Alessandra Regina de Azambuja, as áreas mais atingidas foram os loteamentos Morada Verde, Ritter e Davi Müller e as localidades de Sanga Funda e Picada Francesa. Quatro mil metros quadrados de lona foram distribuídos aos moradores que tiveram telhas das residências perfuradas ou rachadas pelas pedras de gelo.
– As equipes estão nas ruas, porque o granizo aqui foi muito forte. As pedras eram pouco menores que um ovo – comentou Alessandra.
Também houve estragos em Poço das Antas, no Vale do Taquari, e em Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo. Em São Sebastião do Caí, há risco de enchente. Arroio do Sal, no Litoral Norte, Canoas, Nova Santa Rita, Porto Alegre e Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana, também registraram granizo durante a madrugada.
O evento climático, conforme a Defesa Civil do Estado, foi de menor proporção do que o registrado no início da semana, quando mais de 2 mil residências sofreram danos em sete municípios. Conforme o último balanço do órgão, não havia registro de feridos – apenas em Canela uma família precisou deixar sua residência.
Na região Nordeste, na cidade de Água Santa, cerca de cem famílias foram atingidas. Soledade, no Norte, havia sido atingida por temporal entre a noite de domingo e a madrugada de segunda-feira e voltou a ser castigada durante a noite de quarta-feira. De acordo com os bombeiros do município, há relatos de granizo na área rural, principalmente nas localidades de Macieira e Posse Generoso. Algumas casas tiveram telhado danificado. Em outras poucas moradias que estavam cobertas com lonas devido à tempestade anterior, o material acabou rasgando e teve de ser reposto.
Residências foram afetadas ainda nos municípios de Nonoai e Coronel Bicaco, também no Norte. Em Garibaldi, na Serra, o temporal foi registrado por volta das 4h desta quinta-feira. De acordo com a Brigada Militar, houve grande acúmulo de pedras de gelo.
O coordenador da Defesa Civil de São Sebastião do Caí, Pedro Griebler, alerta para possível enchente no município na manhã de sexta-feira. Segundo ele, o nível do Rio Caí estava em 7,5 metros no início desta noite, subindo entre 30 e 40 centímetros por hora. Griebler estimou que até as 6h de sexta o nível do rio pode chegar aos 12 metros – a partir de 11,5 metros, a água já atinge algumas casas. Nesta quinta-feira, o órgão monitora a situação e prepara socorro às famílias que eventualmente vierem a ser atingidas pela cheia.