Com a experiência de quem vende erva-mate há 34 anos no Mercado Público de Porto Alegre, Gilmar Gionavaz, 57 anos, responde rápido quando perguntado sobre a variação de preço do produto nos últimos meses.
– Deve estar sobrando erva com o produtor. Porque de dois meses para cá está baixando. É a questão da lei de oferta e procura – diz o sócio-gerente de uma das bancas.
O que Gilmar nota no Mercado é repetido pela Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) e tem como causa o excesso de oferta. Segundo a associação, o preço final da erva-mate nos supermercados caiu cerca de 15% nos últimos dez dias, variando entre R$ 7,90 e R$ 12,90 o quilo. Ainda segundo a Agas, a tendência é de que o preço fique estabilizado pelos próximos meses.
Leia mais notícias do dia
No Mercado Público, uma das referências na Capital para a compra da erva-mate, o DG encontrou preços dentro da mesma variação. O quilo pode ser comprado por até R$ 9. Há menos de um ano, não baixava de R$ 11. E tem comerciante querendo baixar mais.
– Quero ver se, daqui uns dias, consigo vender por R$ 8,50. Baixando para mim, baixa também para o meu consumidor. A margem de lucro se mantém e eu vendo mais – diz Lair Groff Júnior, gerente de outra banca.
Leia mais:
Preço da dupla clássica na mesa dos brasileiros disparou. Vale a pena substituir?
Frio faz disparar o preço de 21 produtos na Ceasa: saiba quais são
Por que a gasolina é tão cara no Brasil?
Cliente assídua, a fisioterapeuta Maira Jaqueline da Cunha, 28 anos, passa pelo menos uma vez por mês no Mercado para garantir o chimarrão em casa. Pagou R$ 10 por 1kg da erva preferida e promete ficar de olho nos preços.
– Eu ainda não percebi essa baixa, não. Mas vou ficar atenta agora. Eu já venho sempre aqui porque acho bem mais em conta – afirma.
O quilo da erva-mate
Supermercados: entre R$ 7,90 e R$ 12,90, empacotada
Mercado Público: entre R$ 9 e R$ 12, a granel
Baixa com os dias contatos
Há dois anos, alta na procura associada à baixa oferta por causa da estiagem deixou o chimarrão salgado para o consumidor. O quilo chegou a custar entre R$ 15 e R$ 20 nas prateleiras dos supermercados.
– Naquele momento, o produtor melhorou a produção, cuidou mais da roçada. Nisso, veio mais chuva, a produção aumentou. Mas aquela demanda caiu. Por isso, o excesso de oferta – explica o engenheiro agrônomo da Emater e presidente do Instituto Brasileiro da Erva-Mate (Ibramate), Valdir Pedro Zonin.
Hoje, o produtor vende a arroba (equivalente a 15kg) de erva por até menos de R$ 10. Já chegou a custar R$ 30. Os intermediários entre ele e as cuias dos gaúchos são a explicação pelo preço não baixar na mesma proporção. Mas essa tendência deve acabar.
– Porque tem produtor deixando a plantar, menos produção no futuro. E tem previsão de nova estiagem neste verão. Ou seja, deve ser a última queda de preço – projeta Valdir.