Um economista de perfil técnico, com trabalhos e publicações sobre metas de inflação e dívida pública que ajudaram a angariar reconhecimento junto a colegas de mercado e da academia. Assim é definido Ilan Goldfajn, anunciado como presidente do Banco Central (BC) no governo de Michel Temer. Atual economista-chefe e sócio do banco Itaú, Goldfajn assumirá o BC em um momento delicado: a instituição enfrenta uma crise de credibilidade por supostos excessos de ingerência política e a alta de preços insinua estourar a meta oficial pelo segundo ano consecutivo.
– É um nome que tem capacidade técnica já comprovada, e trará ao BC uma experiência fundamental para a economia neste momento – avalia o ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas, atual economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio. Goldfajn é nome indicado por Henrique Meirelles, que assumiu o Ministério da Fazenda, e com quem já trabalhou no Banco Central.
Exerceu o cargo de diretor de Política Econômica da instituição de 2000 a 2003, e fez parte da equipe de transição do comando de Arminio Fraga para Meirelles no início do governo Lula. No período que esteve no cargo, a taxa básica de juro (Selic) passou de 19% para 25,5%
– É um nome de personalidade. Diferentemente de Tombini, que era totalmente submisso ao governo, o Ilan tem compromisso claro com a estabilidade da moeda. É o nome adequado para trazer a inflação para o centro da meta – avalia um funcionário de carreira do BC que trabalhou com Ilan uma década atrás.
Fluminense, formado pela PUC-Rio, um dos principais centros de formação liberal no país, e com doutorado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), Ilan tem um livro publicado sobre metas de inflação e foi autor de estudo premiado sobre impactos da dívida pública.
Leia mais:
Ajustes do novo governo na economia ainda são intenções
Agenda econômica de Temer está centrada no Congresso
Governo Temer quer legalizar bingos, cassinos e bicho, diz jornal
O perfil moderado seria justamente uma das razões para sua indicação - seu currículo sugere uma postura pouco permissiva com a inflação, mas também sensível ao efeito que o juro pode trazer no crescimento da economia. Com passagem pelo FMI no final da década de 1990, Goldfajn foi também um dos fundadores da Gávea, uma das mais conhecidos empresa de investimentos no país. Essa proximidade com o mercado deve ser ponto importante para a condução da instituição monetária, avalia Alexandre Wolwacz, sócio fundador do Grupo L&S:
–É um homem que entende as vantagens de trabalhar com um mercado mais livre, que tem o entendimento macroeconômico de como deve ser a política de juros e câmbio na atual conjuntura econômica.