Horas antes do início do 27º Rodeio Crioulo Nacional de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, um cavalo com mormo foi abatido depois de ser retirado de uma propriedade do bairro Fátima. O animal participaria do evento, programado para as 21h desta quinta-feira, mas apresentou suspeitas da doença há aproximadamente 25 dias. Após dois exames, houve a confirmação da enfermidade, e o equino teve de ser sacrificado.
É o 53º caso confirmado em 2016 no Rio Grande do Sul e o segundo na região – o outro é de Gramado. De acordo com a organização do rodeio, são esperados cerca de 500 cavalos para competições até o próximo domingo.
O coordenador da 25ª Região Tradicionalista (RT), Raul Teles, garante que todos eles estão com os exames de influenza, anemia e mormo em dia. É por meio desses testes que os proprietários obtêm a Guia de Trânsito Animal (GTA), documento que autoriza o deslocamento dos bichos de forma segura.
– Estamos em contato permanente com a inspetoria sanitária. É uma preocupação, temos de ficar atentos. Só entra no parque quem apresentar os exames válidos – afirma Teles.
Preocupação com novos casos
Porém, mesmo com o controle, não há garantias de que todos os equinos estão livres da doença, pois a GTA tem validade de dois meses e a patologia pode ser contraída no intervalo entre a renovação dos exames. A coordenadora do Programa Estadual de Sanidade Equina, Rita Domingues, pede que os donos dos animais só participem de eventos que cobrem rigorosamente as análises.
– O mormo não tem tratamento e reforçamos que pode ser transmitido para humanos, embora seja raro, por meio de secreções – ressalta ela.
Chamado de Messi, o cavalo sacrificado tinha 14 anos. Ele foi comprado para os dois filhos de uma mulher de Caxias há quatro anos e vivia na companhia de uma égua – que é monitorada – na propriedade. Desde o dia 12 de abril, Messi estava isolado. Segundo a dona, o bicho não aparentava nenhuma anormalidade. A menina foi encaminhada a um médico para confirmar se não foi contaminada. O resultado sai na próxima semana.
– Foi complicado vê-lo saindo daqui em perfeitas condições. Minha filha está nervosa, acabamos nos apegando – lamenta.
O que é o mormo
Doença infecciosa que atinge principalmente os equinos. Não há vacinas e tratamento contra a enfermidade, causada pela bactéria Burkholderia mallei. A sobrevivência do mormo pode ser prolongada em ambientes molhados e úmidos. Ele é transmitido pelo contato com o material infectante, por secreções do atingido ou em equipamentos contaminados.
O animal enfermo deve ser sacrificado e cremado, e a área em que ele estava, desinfetada. Em humanos, a doença se manifesta em até 14 dias e é transmitida por meio de secreções do animal com feridas da pessoa afetada. Os sintomas são febre, bolhas com pus, edema de septo nasal e pneumonia.