Prestes a completar dois anos, na segunda-feira, 4 de abril, o processo da morte de Bernardo Boldrini segue sem um desfecho. Suspenso desde final de janeiro, o julgamento do recurso de defesa dos acusados pela morte do menino pode entrar na pauta da próxima quarta-feira ou no dia 20 de abril.
No recurso, os advogados dos réus Leandro Boldrini, Graciele Ugulini e Evandro Wirganovicz tentam evitar o júri popular, responsável por julgar crimes dolosos (quando é intencional) contra a vida.
O advogado de Edelvânia Wirganovicz, Jean de Menezes Severo, não apelou. O objetivo do defensor é dar celeridade ao processo.
– Não queremos procrastinar o júri. A Edelvânia está presa há quase dois anos sem condenação, numa situação complicada no presídio. Queremos dar oportunidade para ela se defender, ser julgada e aí cumprir uma eventual pena. Ela quer sair dessa angústia – afirma Severo.
Leia mais:
Depoimentos expõem relação tumultuada entre Boldrini e mãe de Bernardo
Madrasta de Bernardo é internada para atendimento psiquiátrico na Capital
Edelvânia muda versão e diz que morte de Bernardo não foi premeditada
Na próxima semana, o advogado vai tentar, pela segunda vez, uma cisão do processo, para que sua cliente fosse julgada sozinha. Na primeira, o pedido foi negado em outubro do ano passado.
A defesa de Graciele e de Leandro disse que só vai se pronunciar nos autos do processo. Já o advogado de Evandro estava viajando.
Uma missa neste sábado, às 19h, na Igreja Matriz Santa Inês, em Três Passos, vai antecipar a homenagem "aos dois anos sem Bernardo". Na entrada da igreja, serão entregues adesivos com uma foto do menino. O material foi confeccionado com dinheiro de doações vindas de todo o país.
– Amanhá (sábado) é um dia muito triste. Triste para todos que amavam Bernardo e todas as outras pessoas que, como eu, mesmo sem conhecê-lo, lamentamos sua morte trágica, injusta e resultado de uma vida curta de abandono e maus tratos – disse Zizi Medeiros, moradora do Rio Grande do Norte, que integra grupos que pedem justiça pela morte do menino.
No domingo, às 10h, haverá uma missa em Porto Alegre, na Igreja Santa Teresinha, (Av. José Bonifácio , 645), seguida de uma caminhada até o Arco do Expedicionário, na Redenção. Os organizadores convidam o participantes a irem vestidos de branco ou com a camiseta do Bernardo.
A situação dos quatro réus
Bernardo Uglione Boldrini, então com 11 anos, desapareceu em 4 de abril de 2014, em Três Passos. Seu corpo foi encontrado 10 dias depois, em Frederico Westphalen, dentro de um saco plástico e enterrado às margens de um rio. Neste dia, três suspeitos foram presos.
Em maio de 2015, o Ministério Público denunciou quatro réus pela morte de Bernardo. Quatro meses depois, a Justiça de Três Passos decidiu que o caso iria a júri popular. Em seguida, os advogados entraram com recurso. Abaixo, veja onde os réus estão e do que são acusados:
Leandro Boldrini, 49 anos, pai de Bernardo: acusado pelos crimes de homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima), ocultação de cadáver e falsidade ideológica. Preso desde 14 de abril de 2014, está na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC).
Graciele Ugulini, 38 anos, madrasta de Bernardo: acusada pelos crimes de homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver. Presa desde 14 de abril de 2014, chegou a ser levada ao Instituto Psiquiátrico Forese (IPF), em Porto Alegre, mas retornou à Penitenciária Feminina de Guaíba.
Edelvânia Wirganovicz, 36 anos, amiga de Graciele: acusada pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver. Presa desde 14 de abril de 2014, está na Penitenciária Feminina de Guaíba.
Evandro Wirganovicz, 33 anos, irmão de Edelvânia: acusado pelos crimes de homicídio duplamente qualificado (emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver. Preso desde 10 de maio de 2014, está no Presídio de Três Passos.