Grupos favoráveis e contrários ao impeachment da presidente se preparam para as mobilizações das próximas semanas. Após a votação na Câmara que aprovou o prosseguimento do processo que tem como objetivo o afastamento de Dilma Rousseff, opositores ao governo federal prometem pressionar os senadores pelo avanço do processo, enquanto movimentos que sustentam a sobrevivência do mandato da petista ameaçam uma greve geral no país.
Em Porto Alegre, o sinal verde dos parlamentares ao impeachment marcou o desmonte dos acampamentos pró e anti-governo armados no Parque Moinhos de Vento, o Parcão, e na Praça da Matriz. Entretanto, nenhum dos lados admite desmobilização – nem que seja pelo clima de "já ganhou", nem pela frustração de admitir uma possível derrota.
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Porta-voz da defesa do impeachment, o Movimento Brasil Livre (MBL) promete manter a estratégia adotada junto aos deputados com os senadores: abordá-los para insistir que votem "sim" pela admissibilidade do processo e expor em cartazes os nomes daqueles indecisos ou contrários.
– Estamos informando as pessoas sobre o andamento do processo e sabemos que temos de manter a pressão – resume a coordenadora do MBL no Estado, Paula Cassol.
Em sua página no Facebook, o MBL compartilhou uma foto do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com os dizeres: "Calheiros, o Brasil está de olho em você". Não há manifestações de rua previstas para os próximos dias pelo movimento.
Do outro lado, não se descarta a convocação de uma greve geral depois de o afastamento de Dilma ter ficado mais próximo de ocorrer. Preocupa a Frente Brasil Popular (FBP) – rede formada por organizações contrárias ao impeachment – a sinalização de que um possível futuro governo comandado pelo vice-presidente, Michel Temer (PMDB) aceite a flexibilização das leis trabalhistas, reivindicação do empresariado.
– No domingo, a Câmara se apresentou para o Brasil e mostrou que os deputados estão sensíveis a outros apelos que não a manutenção da democracia. Nossa avaliação preliminar é de que, agora, ficou mais fácil de estabelecer um debate – observa o presidente da Central Única dos Trabalhadores no Estado (CUT-RS), Claudir Nespolo.
A FBP tem marcada para esta terça-feira, em São Paulo, uma reunião entre lideranças nacionais para definir o futuro das manifestações. Na quarta-feira, ocorre um encontro entre os líderes do movimento no Rio Grande do Sul.