A presidente Dilma Rousseff admitiu a aliados que seu afastamento temporário da Presidência se tornou "inevitável" e decidiu traçar uma agenda para defender o mandato e impedir que o vice Michel Temer se aproprie de projetos e medidas de seu governo. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
A estratégia visa manter a mobilização da base social do PT e reproduzir o discurso de que Dilma é vítima de um golpe e que um eventual governo Michel Temer é ilegítimo, como defende o ex-presidente Lula.
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Como apurou a Folha, a presidente pediu à sua equipe para "apressar" tudo que estiver pronto ou perto da conclusão para ser anunciado antes de o Senado aprovar a admissibilidade do processo de impeachment, que vai resultar no seu afastamento do cargo por até 180 dias. Nesta lista, por exemplo, estão as licitações de mais quatro aeroportos (Porto Alegre, Fortaleza, Florianópolis e Salvador).
Dilma vai, também, instalar o CNPI (Conselho Nacional de Política Indigenista), anunciar a prorrogação da permanência de médicos estrangeiros no programa Mais Médicos, participará de Conferência Conjunta dos Direitos Humanos e deve entregar no Pará novas unidades do Minha Casa Minha Vida. Auxiliares da presidente defendem a ideia de que ela precisa sair do "imobilismo" e tentar mostrar que ainda tem algum apoio social.
Segundo o periódico, interlocutores de Lula e Dilma reconhecem que o governo não conseguirá impedir a admissibilidade do processo de impeachment pela comissão especial do Senado, mas ponderam que a mobilização social será fundamental nesse período.
Ainda de acordo com a publicação, a presidente acredita que pode ser inocentada ao fim do julgamento pelo Senado e, assim, retomar seu mandato. Parlamentares do PT e o próprio ex-presidente Lula, porém, acreditam que, após o afastamento de Dilma, o quadro vai ficar "muito difícil" e, mesmo que a presidente ganhe no julgamento, ficará sem condições de governabilidade.