Não é somente uma impressão. Os brasileiros estão, sim, mais estressados. E a prova disso é um estudo que será apresentado pela primeira vez à comunidade científica mundial no mês de maio, em um congresso em Londres.
De acordo com a pesquisa realizada ano passado pela associação internacional dedicada à prevenção e estudo do estresse, a International Stress Management Association (Isma-Br), 72% dos brasileiros sofrem sequelas causadas pelo estresse.
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– Pela primeira vez, desde 2005, o estudo apontou um percentual de estressados acima da barreira dos 70%, percentual encontrado na pesquisa anterior – conta a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da Isma-BR.
Incerteza no futuro
O estudo científico foi realizado em mil profissionais de diferentes áreas de Porto Alegre e São Paulo. Eles foram questionados sobre diferentes situações do dia e como são as reações. O resultado é tomado como uma representação dos brasileiros em geral.
As causas desse rompimento da barreira dos 70% estão nas capas dos jornais e nos noticiários da televisão: a crise econômica e o aumento do desemprego. A incerteza com relação ao futuro está deixando todos com os nervos à flor da pele.
– Quem está empregado vive angustiado. Porque vendo outros perder emprego, ele fica antecipando a perda do próprio – diz a psicóloga.
Outra fonte de estresse fica com quem tem a amarga função de comunicar o desligamento a outros profissionais. Segundo ela, gestores que conhecem a realidade dos funcionários sentem ainda mais: sabem quem tem filhos, quem tem familiares doentes e o efeito que o desemprego causa.
O que é o estresse: foi no início do século 20 que as ciências biológicas e sociais iniciaram a investigação do estresse e seus efeitos na saúde. Ele é neutro e se torna positivo ou negativo de acordo com a percepção e interpretação de cada um. O positivo motiva e estimula a pessoa a lidar com a situação. O negativo acovarda, fazendo com que se intimide e fuja da situação.
As suas marcas
Sinais físicos: dores de cabeça, indigestão, dores musculares, insônia, taquicardia, alergias, queda de cabelo, mudança de apetite, entre outros.
Sinais psicológicos: apatia, isolamento, sentimentos de perseguição, desmotivação, irritabilidade, ansiedade.
Saiba como evitar o estresse no dia a dia
Identifique a causa: é importante ser capaz de identificar as fontes de estresse para eliminá-las.
- Pense sobre tudo o que torna o seu dia estressante: pessoas, atividades, tarefas.
- Divida entre aquilo que depende ou não de você mesmo.
- Se depende, estabeleça um plano para eliminar essa fonte ou se qualifique para isso.
- Se não depende, entenda que não faz sentido permitir que afete você.
Busque apoio: é importante buscar ajuda, falar com alguém. Compartilhar o que está sentindo ajuda a manter você saudável mentalmente.
- Confie na família e nos amigos. Fale com eles, divida a situação.
- Cogite procurar ajuda profissional se o estresse persistir, terapia pode ser uma opção. Converse com seu médico também.
Relaxe: a respiração conscientemente ajuda a acalmar, e o estado de ansiedade tende a ser minimizado.
- Encontre um lugar onde possa ficar à vontade, sentado ou deitado.
- Inspire profundamente pelo nariz. Foque no abdômen, imaginando a região da barriga como um balão que vai ser enchido de ar.
- Concentre-se na inspiração sem pensar em outras coisas. Quando o abdômen estiver cheio, deixe o ar sair devagar.
- Mesmo por poucos minutos, esse exercício auxilia no relaxamento e no controle do estresse.
Durma bem: é fundamental para recuperar o corpo e a mente. Por isso, trate o sono como prioridade e não perda de tempo. O número de horas ideal costuma ser, em média, de seis a oito horas por dia.
- Evite cafeína, nicotina e álcool nas últimas horas do dia. - Não faça refeições exageradas antes de deitar.
- Procure deitar no mesmo horário.
- Mantenha o quarto arejado e numa temperatura agradável.
- Desligue a televisão no quarto.
Alimente-se: organismo bem alimentado tem energia para enfrentar os obstáculos do dia.
- Faça todas as refeições: café da manhã, almoço, jantar e os lanches. Não pule nenhuma.
- Aumente e varie o consumo de frutas, legumes e verduras.
- Consuma com moderação doces, bolos e biscoitos.
- Coma devagar e mastigando bem. Isso ajuda na digestão.
- Beba muita água, e consuma com moderação bebidas alcoólicas e refrigerantes.
Mexa-se: exercícios ajudam no relaxamento de quem pratica. Há liberação de hormônios que ajudam o funcionamento do corpo.
- É importante uma avaliação médica se tiver mais de 35 anos ou se antecedente de doenças.
- A caminhada é perfeita para iniciantes. É fácil de controlar, começando por distâncias e período de tempo curtos, aumentando aos poucos.
Lazer: é importante que você consiga colocar na rotina atividades prazerosas.
- São válvulas de escape que ajudam a diminuir a tensão do trabalho ou de problemas pessoais.