O inventor letão do Meldonium, o medicamento que originou o flagra no exame antidoping da ex-número 1 do mundo Maria Sharapova, defendeu o produto e o classificou de "muito seguro", apesar de ter sido incluído neste ano na lista de substâncias proibidas do esporte.
Sharapova foi flagrada por uso do medicamento no Aberto da Austrália, em janeiro.
Segundo Ivars Kalvins, de 68 anos e membro do Instituto Letão de Sintéticos Orgânicos, trata-se do "medicamento cardiovascular mais seguro do mundo".
Desenvolvido nos anos 70 na União Soviética, da qual a Letônia fazia parte, o Meldonium, conhecido também pelo nome Mildronato, é um medicamento protetor das células cardíacas e, supostamente, aumenta a resistência ao esforço.
"Nada prova que o Mildronato responde aos critérios necessários para ser incluído na lista de substâncias proibidas. Esse medicamento tem 32 anos e sua segurança é evidente", declarou Kalvins, nesta sexta-feira à AFP.
"Ninguém provou que melhora os resultados (...) É muito sério incluir um medicamento na lista de substâncias proibidas. Se querem dizer que melhora os resultados dos atletas, deveriam ter provas clínicas. Mas não existem", insistiu.
"A razão (da proibição) é a proximidade dos Jogos Olímpicos. Alguns atletas devem ser excluídos da competição", declarou o cientista, que estima que a proibição tem como objetivo diminuir a presença de atletas russos no Rio-2016.
Após a revelação do doping de Sharapova, a Agência Mundial Antidoping (Wada) anunciou que 99 exames positivos por Meldonium foram registrados desde 1 de janeiro, quando o medicamento foi integrado à lista de produtos dopantes. A sueca Abeba Aregawi, campeã mundial dos 1.500 metros em 2013, e a patinadora artística russa Ekaterina Bobrova estão entre os atletas flagrados.
Nesta sexta-feira, um estudo da empresa DSM Group, especializada no setor farmacêutico, afirma que o anuncio de Sharapova resultou na duplicação das vendas de Meldonium na Rússia.
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