As históricas prisões do senador Delcídio Amaral (PT-MS) e do bilionário banqueiro André Esteves, do BTG Pacutal, somente foram possíveis pela atuação de Bernardo Cerveró.
Ator profissional, o filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró gravou, após acerto com as autoridades, uma conversa de mais de 90 minutos com Delcídio, o seu chefe de gabinete, Diogo Ferreira, e o advogado Edson Ribeiro. Na pauta da reunião, um plano para permitir a fuga de Cerveró ao exterior, livrando Delcídio e Esteves de qualquer imputação criminosa em delação premiada por obtenção de vantagens em supostos negócios ilícitos na Petrobras.
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O silêncio de Cerveró seria pago pelo banqueiro. A armadilha de Bernardo foi exitosa e resultou na prisão de um senador no exercício do mandato, algo inédito no país até então.
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Não há notícias sobre o paradeiro do filho do ex-diretor da Petrobras, mas velhos conhecidos do teatro relatam estar com saudade e preocupados. Por anos, ele foi ator e produtor do Grupo Sarça de Horeb - hoje com as atividades suspensas -, dirigido por Almir Telles, que define Bernardo como "muito inteligente".
O que você pode dizer sobre Bernardo Cerveró?
Almir Telles - Ele já não trabalha mais comigo. Ficamos por quase 20 anos juntos, mas ele sumiu. Depois dessa acontecência com o pai, nunca mais vi o Bernardo. Então sei muito pouco. Sei dele como ator. É um ator muito bom, bem formado. Mas esse fato do senador, para mim foi surpresa. Eu não estava esperando nada disso. Eu soube através de repórteres. Eu não sabia.
Há tempo não tem contato com ele?
Almir - Faz tempo. Ele deu uma sumida aqui do Rio. Estou até preocupado e com saudade dele. É gente muito boa, totalmente correto, ótima criatura, muito bom ator. Mas eu não tenho visto o Bernardo, estou com saudade dele.
Desde a prisão do pai que ele sumiu?
Almir - Eu não trabalhei mais com ele. Não soube mais dele. Antes ele já estava meio distante. Do grupo (Sarça de Horeb), cada um tomou seu rumo, dois foram estudar em Paris, a gente se separou um pouco. Mas ficamos todos muito amigos.
Acredita que o fato de ele ser ator ajudou a enganar o senador?
Almir - Não sei. Ele sempre foi um cara muito inteligente e esperto, consciente e lúcido das coisas. Mas isso é uma coisa muito particular. Eu não sei se ele se organizou e ensaiou para isso. O que sei é que ele é esperto, no bom sentido, e muito inteligente.