O esquema de pagamento de propinas na Petrobras e em outras estatais, investigado no âmbito da Operação Lava-Jato, chega a R$ 10 bilhões, disse o procurador Deltan Dallagnol, do Ministério Público Federal (MPF). No entanto, o valor pode passar de R$ 20 bilhões se for incluído no cálculo, além das propinas, a quantia de desvios referentes a contratos com fornecedores e os negócios superfaturados, comentou o procurador nesta sexta-feira.
- Essa é uma estimativa - completou.
Dallagnol disse que sua estimativa se baseia em um contrato entre a Petrobras e a Camargo Corrêa, no valor de R$ 1,5 bilhão. Somente o superfaturamento nesse contrato chegou a R$ 600 milhões, conforme o procurador. Apenas na Petrobras, afirmou Dallagnol, o valor de propina "envolveu mais de R$ 6,2 bilhões". A Lava-Jato foi iniciada em 17 de março de ano passado.
O procurador abriu nesta manhã, em São Conrado, no Rio de Janeiro, a programação do último dia do 21º Congresso Nacional do Ministério Público e da 5ª Conferência Regional da International Associations of Prosecutors (IAP) para a América Latina.
- A Lava-Jato combate um tumor, mas o sistema é cancerígeno. Não temos uma defesa jurídica contra a corrupção no Brasil. Vivemos uma janela de oportunidade e, se não aproveitarmos esse momento para mudarmos nossa realidade, não sabemos quando teremos outra oportunidade como essa - declarou.
Dallagnol também falou sobre "10 medidas contra a corrupção", campanha do MPF para coibir desvio de verbas públicas e atos de improbidade administrativa. Além disso, afirmou que a Operação Lava-Jato provavelmente não mudará a maneira de o país enfrentar a corrupção, mas com certeza criará condições para transformações estruturais e para prevenir os desvios de verbas públicas e a prática da improbidade administrativa.
A campanha, que dura em torno de dois meses, colheu até o momento mais de 380 mil assinaturas. Para que se torne projeto de lei de iniciativa popular, são necessárias aproximadamente 1,5 milhão de assinaturas (1% dos eleitorado nacional) para ser encaminhado ao Congresso.
O procurador pediu o engajamento dos presentes na campanha para colher assinaturas, cartas de apoio e fazer palestras para informar à população.
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