Na terceira fase da Operação Zelotes, a Polícia Federal (PF) abre nova linha na investigação cujo foco principal era desmontar esquema de fraudes no Conselho Administrativo de Re-cursos Fiscais (Carf), do Ministério da Fazenda. Agora, os policiais querem apurar conexões desse mesmo grupo com a suposta compra da renovação de uma medida provisória (a MP 471, de 2009) que beneficiava empresas do setor automotivo com incentivos fiscais. No meio do imbróglio, está um dos filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Luís Claudio.
Nesta segunda-feira, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão na LFT Marketing Esportivo, de Luís Claudio. Documentos apontam que a LFT recebeu R$ 2,4 milhões da Marcondes & Mautoni na mesma época em que os lobistas foram remunerados por empresas interessadas na renovação da MP, a MMC, representante da Mitsubishi, e o Grupo Caoa, da Hyundai.
O filho de Lula sustenta que os valores se referem a projetos desenvolvidos para uma empresa de Marcondes, a Marcondes & Mautoni Empreendimentos, em sua área de atuação, a esportiva. Cristiano Martins, advogado de Luís Cláudio, criticou a operação da PF. Nos bastidores, Lula teria responsabilizado a presidente Dilma Rousseff pela operação na empresa do filho. Em conversas com aliados, o petista teria dito que a sucessora permite investigações contra ele para se preservar.
A decisão que autorizou a nova etapa da Zelotes, da juíza substituta da 10ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal, Célia Regina Orly Bernardes, informa que há suspeitas sobre outras duas MPs: 512 (de 2010) e 627 (de 2013).
O ex-ministro Gilberto Carvalho também está no foco da PF. Segundo documentos apreendidos, ele teria recebido "um kit" das empresas suspeitas, mas o conteúdo não foi informado. A Zelotes sustenta que Carvalho "atuou em conluio" com Marcondes "quando se trata da defesa dos interesses do setor automobilístico". O ex-ministro foi intimado a prestar depoimento e compareceu à PF. Ele negou envolvimento em irregularidades.
Nesta segunda-feira, foram cumpridos 33 mandados (seis de prisão preventiva, 18 de busca e apreensão e nove de condução coercitiva) em São Paulo, Distrito Federal, Piauí e Maranhão. Os detidos são Alexandre Paes Santos (que intermediaria contatos entre empresas e conselheiros do Carf), José Ricardo da Silva (da empresa SGR, suspeito de pagar propina), Halysson Carvalho (lobista), Mauro Marcondes Machado (dono da Marcondes & Mautoni e vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, Anfavea), Cristina Mautoni (mulher de Marcondes) e Eduardo Valadão (sócio de José Ricardo Silva).
* Zero Hora, com agências