O lobista Fernando Soares, conhecido como Baiano, não citou Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do ex-­presidente Lula, na delação premiada que fez na Operação Lava-­Jato. A informação errada, que foi manchete do jornal O Globo de 11 de outubro, resultou em uma série de desdobramentos políticos.
A referência a Lulinha saiu na coluna do jornalista Lauro Jardim e foi reproduzida por outros veículos, inclusive Zero Hora. Depois da divulgação, Lulinha tornou-se alvo dos adversários do governo federal e do ex-presidente. A oposição chegou a defender a convocação de Lulinha para depor à CPI da Petrobras.
No domingo, dia 8 de novembro, O Globo publicou nota de capa admitindo o erro envolvendo Lulinha. O texto original do jornal afirmava que, na delação, Baiano dizia ter gastado R$ 2 milhões para pagar despesas pessoais de Fábio Luís. Segundo a correção feita pelo jornal, Baiano não citou o nome de Lulinha na delação.
Em depoimento, de acordo com O Globo, o lobista disse que o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, foi quem pediu o dinheiro sob o pretexto de que seria para uma nora do ex-presidente. Baiano não apontou qualquer familiar do petista como beneficiário de desvios da Petrobras. Segundo a delação de Baiano, Bumlai pediu recursos para quitar despesas de um apartamento de uma nora de Lula. O ex-presidente tem quatro noras. Baiano disse ter dado R$ 2 milhões a Bumlai a título de comissão a que ele teria direito por ter incluído Lula na negociação de um contrato de construção de sondas de exploração do pré-sal.
Lulinha sempre negou que tenha tido despesas pagas por Baiano. "O sr. Fábio Luís Lula da Silva jamais recebeu qualquer valor do delator mencionado", afirmou nota divulgada pelo advogado Cristiano Martins no dia 11 de outubro. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada em 25 de outubro, Bumlai negou que tenha pedido dinheiro para quitar dívida ou prestação de imóvel de uma nora de Lula.
O pecuarista disse que teve dificuldades financeiras em 2011 e que pediu R$ 1,5 milhão emprestado a Baiano para pagar funcionários e outras despesas de sua atividade rural. Ele mostrou extratos bancários para comprovar o empréstimo feito pelo lobista e negou que a operação tenha tido relação com negócios envolvendo a Petrobras.
*ZERO HORA