O prefeito José Fortunati se utilizou do Twitter, na noite de sexta-feira, para clamar pela Força Nacional de Segurança em Porto Alegre. Mostrava-se estarrecido com os episódios ocorridos na Vila Cruzeiro. À tarde, naquele mesmo dia, um homem havia sido metralhado nos fundos do Postão da Cruzeiro - outros sete jovens ficaram feridos. À noite, pessoas incendiaram um ônibus, no mesmo local.
É compreensível que o principal agente político da cidade queira mais tropas nas ruas, mais sensação de segurança. Mas será que resolveria algo?
O que estamos vendo é a ação de criminosos diante de uma política de segurança claudicante. Como é regra no Estado, o governo que entra descontinua boas ações do governo que sai. Com Sartori não é diferente.
Veja o caso das DPs especializadas em investigar homicídio. Desde 2013, a equipe que colhia informações no local do crime era a mesma que concluía a investigação: o mesmo grupo acompanhava o caso do início ao fim do inquérito - o que é recomendado pelas melhores polícias do mundo.
Desde a mudança, o envio de inquéritos ao judiciário com solução havia saltado de 10% para 67%. Agora, por conta da falta de dinheiro para pagar horas extras, policiais são divididos em duas equipes volantes durante os plantões - quando acontece o maior número de execuções. Na prática, significa que um homicídio não necessariamente será acompanhado do início ao fim pela mesma equipe, o que é um retrocesso. O impacto desta medida, que reduz a capacidade de investigação do Estado, é gigantesco.
Além disso, já se passaram nove meses da nova gestão e não se sabe qual o projeto da Secretaria da Segurança para as áreas conflagradas, que concentram o maior número de assassinatos. A situação, portanto, é bem mais complexa do que chamar a Força Nacional de Segurança.
*Diário Gaúcho