A Polícia Federal indiciou o ex-diretor Internacional da Petrobras Jorge Zelada por suposto envolvimento no esquema de desvios da estatal. Ele é suspeito de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
O indiciamento foi comunicado esta semana pela PF a advogados do ex-diretor. O relatório com as conclusões do inquérito será agora analisado pelo Ministério Público Federal (MPF), que decidirá se denuncia ele e mais cinco pessoas à Justiça ou se cabe o aprofundamento das apurações.
Além de Zelada, outras duas pessoas foram indiciadas pelos mesmos crimes: Raul Schmidt Felippe Júnior, e João Augusto Rezende Henriques. Os outros três - Hamylton Pinheiro Padilha, Paul Alfred Bragg e Hsin Chi Su - foram indiciados por corrupção ativa. O inquérito policial foi concluído na sexta-feira.
Zelada foi preso pela PF na 15ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Operação Mônaco, no início de julho. A Procuradoria da República no Paraná sustenta que ele teria transferido 7,5 milhões de euros que mantinha na Suíça para uma conta no principado europeu. Os recursos, supostamente provenientes de corrupção, não teriam sido declarados por ele ao Fisco brasileiro.
O relatório de indiciamento se baseia na informação de que Zelada teria recebido propinas provenientes do aluguel de navios sonda para a Petrobras, entre eles o Titanium Explorer (Vantage), em 2009. Essas contratações, segundo auditoria da estatal, foram superfaturadas e deram prejuízo milionário.
Detalhes do esquema foram dados pelo lobista Hamylton Padilha, que representava as empresas desse segmento junto à companhia petrolífera. Ele estaria colaborando com as investigações conduzidas pelo MPF no Paraná, que já tem 23 delatores.
O advogado de Zelada, Renato de Moraes, afirmou que o indiciamento é precipitado, uma vez que uma série de documentos e informações acaba de ser anexada ao inquérito. "A precipitação tem a ver com o método usado em Curitiba: prender para investigar. Então, você tem de correr com a investigação", criticou.
O advogado minimizou a decisão da PF. "O indiciamento não quer dizer nada. ê aquilo que o delegado acha. Já vi vários indiciados não serem denunciados e vários que não foram indiciados ser denunciados", declarou.
Zelada ficou em silêncio no depoimento. A defesa alega não ter tido acesso integral às acusações. O ex-diretor nega a titularidade da conta em Mônaco e, segundo seus defensores, dará explicações detalhadas a respeito oportunamente.